
O Navio de Socorro Submarino (NSS) “Guillobel” e o Submarino “Humaitá”, da Marinha do Brasil (MB), retornaram ao Porto de Mucuripe, em Fortaleza (CE), nesta quinta-feira (13), após participarem da fase marítima do 2º Exercício de Proteção de Cabos Submarinos. O treinamento teve como objetivo aperfeiçoar a capacidade de resposta da Força Naval a ameaças contra essa infraestrutura, considerada estratégica para os sistemas de telecomunicações e de internet do País.
Nessa fase, o NSS “Guillobel” desempenhou o papel de embarcação em atividade suspeita sobre o cabo submarino da empresa de telecomunicações Angola Cables, a cerca de 90 quilômetros da costa da capital cearense. A simulação contou com a participação da Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON), que empregou um veículo submarino operado remotamente (ROV, na sigla em inglês), desenvolvido no País pela BRS Robótica Submarina. O ROV foi equipado com sonar multi-feixe de 1,2 MHz e dois side scan de 450 MHz, permitindo a varredura do leito marinho e possibilitando a identificação do cabo.
Já o Submarino “Humaitá”, a aeronave SH-16 “Seahawk”, da MB, e o Avião de Patrulha P-95, da Força Aérea Brasileira (FAB), treinaram ações de inteligência, vigilância, reconhecimento e interceptação do navio em alto-mar. Os dados obtidos por esses meios permitiram ao Centro de Guerra Acústica e Eletrônica da Marinha fornecer ao Comando do 3º Distrito Naval informações críveis sobre atividade ilícita na costa brasileira, levando à decisão de abordar o navio suspeito.
Um destacamento de Mergulhadores de Combate, apoiado pelas embarcações da Capitania dos Portos do Ceará, interceptou a embarcação e realizou a abordagem, com apoio do Núcleo Especial da Polícia Marítima (NEPOM), da Polícia Federal.
Intercâmbio de conhecimento
Esse tipo de operação possibilita simular as condições de um navio que intencionalmente busque sabotar os cabos submarinos e desta maneira fornece informações para que nosso País, por meio da Marinha, possa se preparar para o monitoramento e a resposta a uma ação dessa natureza”, avalia o Secretário de Acompanhamento e Gestão de Assuntos Estratégicos do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, Contra-Almirante André Conde.
Segundo o especialista em Regulação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Daniel Marchi, que acompanhou o exercício a bordo do NSS “Guillobel”, a falta de conhecimento sobre a infraestrutura crítica pode levar à subestimação dos riscos, aumentando a vulnerabilidade do setor.
Do ponto de vista da Anatel, e penso que da Marinha também, o nosso esforço nesse tipo de exercício é no sentido de conhecer mais, aprender mais. Esse aprendizado permite construir relações de confiança que resultem num protocolo para resposta a incidentes. Então, esse tipo de exercício é sempre positivo, uma vez que acabamos conhecendo mais o setor que regulamos”, esclarece o especialista.
Fase terrestre
O 2º Exercício de Proteção de Cabos Submarinos ocorre desde segunda-feira (10), quando foi iniciado com um briefing que reuniu representantes da MB, órgãos de segurança pública, empresas privadas e imprensa, na Capitania dos Portos do Ceará. Nos primeiros dias, foi realizada a fase terrestre do treinamento, com simulação de retomada de um data center da empresa de telecomunicações Angola Cables, sob ameaça de criminosos com reféns.
A ação simulada foi contida por uma equipe de Comandos Anfíbios, enquanto a área era isolada por militares do Grupo-Tarefa de Operações Litorâneas. Houve, ainda, a proteção de outros locais de interesse, como o beach manhole — instalação subterrânea fixada na praia, onde os cabos submarinos se conectam aos cabos terrestres — e a estação terrestre de cabos, ponto de onde os dados recebidos são transferidos e distribuídos.
Esta segunda edição do treinamento conta com a participação de diversos órgãos públicos, como o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), a Polícia Federal, a Companhia Docas do Ceará, a Polícia Civil do Estado do Ceará, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social, a Polícia Militar do Estado do Ceará, a Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania, a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), os Ministérios da Defesa e das Comunicações, a Anatel e a FAB.
Também integraram o exercício empresas privadas do setor de telecomunicações e tecnologia, como Telxius, Azion, Claro, Sparkle, V.Tal-Globenet, Seaborn, Angola Cables, EMGEPRON, Backbone, BRS Robótica Submarina, Tidewise, Tecto, Google, Nic.br, e o Comitê Brasileiro de Proteção de Cabos Submarinos.
Fonte: Agência Marinha de Notícias
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