
A chamada “Década do Oceano” já começou e, até 2030, o objetivo é popularizar esse tema que pode definir o futuro da humanidade. Para debater as temáticas que envolvem o assunto, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), com o apoio da Marinha do Brasil (MB), realiza a 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) entre os dias 20 e 24 de outubro.
A programação do evento reúne pesquisadores, estudantes, representantes de comunidades e instituições parceiras em um amplo debate sobre a relação entre o ser humano e o mar. Organizada pela Faculdade de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FAOC/UERJ), a Semana conta com palestras, mesas-redondas, exposições e apresentações científicas voltadas à conscientização sobre a importância dos oceanos para a vida cotidiana e a sustentabilidade do planeta.
Logo na abertura, nesta segunda-feira (20), o encontro entre especialistas e autoridades navais abordou essa proposta de ampliação do diálogo entre universidade, sociedade e instituições públicas. Para o professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP) e Coordenador da Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano, Alexander Turra, o tema é urgente e a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) é um exemplo disso.
“Essa será a COP do oceano e a única edição capaz de unir a Amazônia Verde à Amazônia Azul”. Tudo isso faz a gente ressignificar a ciência do mar dentro do nosso próprio contexto e é necessário ampliar essa narrativa, fazendo, por exemplo, com que esse debate saia dos muros das universidades e chegue para toda sociedade.”
Já o Subsecretário da Secretaria de Energia e Economia do Mar no Rio de Janeiro (SEENEMAR), Vice-Almirante (Reserva) Sergio Fernando de Amaral Chaves Júnior, a nossa vida está diretamente influenciada pelos mares. “É muito importante que todos saibam o que significa o oceano para a nossa existência e também entender o impacto real das nossas ações, por isso, disseminar esse conhecimento contribui muito para o fortalecimento dessa cultura oceânica.”
Na ocasião também foi abordada a relevância do futuro Museu Marítimo do Brasil. O projeto prevê uma estrutura moderna, incluindo uma passarela sobre o mar para a passagem dos visitantes, na região central do Rio de Janeiro (RJ). Para o Diretor da Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM), Vice-Almirante (Reserva) Gilberto Santos Kerr, o futuro equipamento vai funcionar como um importante propagador da cultura oceânica junto à sociedade.
“Teremos novas possibilidades e perspectivas do ‘olhar para o mar’. Ninguém tem dúvida da importância dos espaços marítimos. Se o Brasil não fosse litoral, certamente características básicas da nossa cultura, talvez não existissem já que tudo se conecta através dos oceanos.”
A mesa também contou com representantes da UERJ e de órgãos públicos, reforçando o papel do evento como espaço de integração entre ciência, cultura e políticas efetivas. Para a Coordenadora de Pesquisa e Inovação do Instituto Nacional de Pesquisas Oceânicas (INPO), a Bióloga Marinha Priscila Lange, é preciso potencializar ações reais.
“Chegou a hora de parar de pensar no que precisa ser feito e começar a fazer o que deve ser feito”, ressalta. Já o Coordenador do Programa Universidade do Mar (UNIMAR) e Vice-Reitor da Faculdade de Oceanografia (FAOC), o Professor Marcos Bastos, 10 anos ainda é pouco para tratar da imensidão que a urgência marinha demanda: “Acredito que uma década só não será suficiente, talvez, quem sabe, um século dos oceanos”, conclui.
Confira a programação completa:
• Terça-feira, 21: Diálogo entre ciência, comunidades e saberes tradicionais. Pela manhã, a mesa-redonda “Extensão na Oceanografia” reuniu 14 instituições de ensino superior de todo o País para apresentar experiências de extensão universitária voltadas à Cultura Oceânica. No período da tarde, foi realizada a mesa “Cultura Oceânica Ancestral”, que valorizou os saberes de povos tradicionais — indígenas, quilombolas, caiçaras e representantes de comunidades pesqueiras e de matrizes africanas. Local: Auditório 93, campus Maracanã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
• Quarta-feira, 22: Feira científica e cultural nas escolas com o objetivo de alcançar as comunidades estudantis através do conhecimento sobre a importância do mar. Local: Trabalho imersivo diretamente nas comunidades escolares.
• Sexta-feira, 24: Encerramento com o “Currículo Azul”: Debate sobre a inserção da temática oceânica na formação de professores e também nas escolas. O debate contará com especialistas da UERJ, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (UNESCO) e de secretarias municipais de educação, reforçando a importância da educação oceânica como ferramenta transformadora para a sustentabilidade. Local: Auditório do Núcleo de Pesquisa e Ensino de Ciências (NUPEC / São Gonçalo).
Além da programação de palestras, o Hall do Bloco F da UERJ (campus Maracanã) abriga a mostra fotográfica “Olhares da Vida para o Oceano”. A exposição conta, ao todo, com 20 imagens premiadas em concurso chancelado pela Década do Oceano.
Ao apoiar a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, a MB, por meio da Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM) e da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), reafirma o compromisso com a difusão da cultura oceânica.
Década e Conferência
Iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), a Década do Oceano (2021-2030) visa oceanos sustentáveis através da atuação conjunta de todas as partes da sociedade, sejam civis, cientistas e governos. Anfitrião da Conferência da Década do Oceano, em 2027, o Brasil vai receber o evento internacional, no Rio de Janeiro (RJ), com o objetivo de levar a cultura oceânica para todos, do litoral ao interior, e discutir os impactos e a proteção do futuro dos oceanos.
Fonte: Agência Marinha de Notícias
Acesse: https://www.agencia.marinha.mil.br/
Adicionar Comentário