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Petrobras investirá R$ 100 milhões para monitorar a costa do Brasil

Reportagem do jornal Valor Econômico informa que a Petrobras irá investir R$ 100 milhões para monitoramento da costa brasileira, desde a região sul, na Bacia de Pelotas, até a Margem Equatorial, que coompreende Rio Grande do Norte e o Amapá.

Por meio de boias e de veículos autônomos não tripulados, a Petrobras pretende tornar o monitoramento do oceano mais abrangente, com detecção de óleo, temperatura, salinidade e concentração de oxigênio. “A maior parte da nossa operação funciona no mar. Uma das preocupações é entender como funciona o mar e o vento”, afirma Lucas Castelli, gerente de tecnologias em engenharia oceânica da Petrobras. A companhia lançou a expansão do projeto na terça-feira (11) em evento interno.

Conforme esse monitoramento é aprimorado, a Petrobras poderá realizar projetos mais precisos na fase de desenvolvimento e tornar a operação mais segura, com mais exatidão em atividades fundamentais para as plataformas, como a transferência de petróleo para navios aliviadores ou até mesmo a chegada de insumos a bordo.

“Esse é o projeto mais ambicioso da oceanografia no Brasil. Pretendemos instalar 11 boias e mais três veículos autônomos para monitorar desde Pelotas até a Margem Equatorial. Um dos maiores projetos de monitoramento que existe no mundo hoje é no Mar do Norte, com quatro boias. Só poderemos viabilizar algo dessa magnitude pela parceria com a Marinha, que tem a expertise para lidar com os equipamentos”, diz Castelli. A companhia já teve outras campanhas de lançamento de boias de monitoramento, mas em momentos pontuais. A expansão atual é a maior visando o longo prazo.

A estatal precisa licenciar o uso de veículos autônomos não tripulados, que será viabilizado pelo acordo com a Marinha. Nesse projeto, a Petrobras irá usar dois deles, o “SailBuoy” e o “glider”. O “SailBuoy” é uma forma de mini-veleiro, controlado via satélite, com operação ininterrupta mantida por baterias carregadas por módulos fotovoltaicos. O equipamento tem a vantagem de resistir ao mau tempo, que pode impedir a operação segura de um navio. O “glider” é um veículo autônomo de subsuperfície, com o formato de torpedo, que atinge até mil metros de profundidade e é usado para monitoramento amplo dos oceanos.

O plano é ampliar o uso com mais equipamentos. É possível ter a localização aproximada das boias existentes e onde as demais serão lançadas (ver acima).

A operação com veículos robóticos custa cerca de 10% do que se gastaria com a mesma atividade em uma embarcação. Os dados gerados serão compartilhados com a comunidade científica.

Conforme Castelli, o compartilhamento de dados gerados a partir do monitoramento da Petrobras também é um diferencial do projeto. Isso porque, segundo o especialista, o fornecimento dos levantamentos para as universidades parceiras da estatal irá permitir o desenvolvimento de mais pesquisas sobre o assunto. A companhia irá fornecer à comunidade científica somente os dados menos sensíveis, que não comprometam as estratégias comerciais da petroleira.

Vinicius Leal, gerente de tecnologias em engenharia de superfície da Petrobras, acrescenta que a expansão do monitoramento do oceano também visa a transição energética, com dados mais aprofundados sobre os ventos e as marés. “Petrobras e outras operadoras têm buscado a transição energética. Conhecer simulações de vento, de corrente e ondas é fundamental para captar oportunidade de geração de energia renovável.”

Segundo o gerente da Petrobras, o levantamento aprofundado dá mais segurança aos projetos. “Qualquer antecipação de estudos, com mais detalhes e precisão, nos permite ter menos conservadorismo nos projetos. É estratégico.”

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