Amazônia Azul Mentalidade marítima

O conceito de mentalidade marítima de Therezinha de Castro

Apesar de possuir mais de 7,4 mil quilômetros de costa e uma das maiores zonas econômicas exclusivas do planeta, o Brasil ainda carece de uma mentalidade marítima capaz de integrar o mar às suas políticas públicas e estratégias de desenvolvimento. Inspirada no pensamento da geógrafa e professora Therezinha de Castro, esta análise questiona por que o país continua, simbolicamente, “de costas para o mar”.

O conceito de mentalidade marítima segundo Therezinha de Castro

Para Therezinha de Castro, referência na geopolítica brasileira, a mentalidade marítima é a capacidade de compreender o mar como parte vital do território nacional e elemento estratégico para a segurança, a economia e a projeção internacional. Ela defendia que o mar deveria ser integrado de forma transversal às políticas públicas, influenciando desde a defesa nacional até o comércio exterior e a proteção ambiental.

Na visão da professora, o Brasil deveria tratar sua Amazônia Azul com a mesma relevância que atribui à Amazônia terrestre. Isso implica reconhecer o mar como fonte de energia, recursos minerais, biodiversidade e rotas comerciais indispensáveis ao país, incorporando-o às decisões estratégicas de longo prazo.

Impactos da ausência de mentalidade marítima no cotidiano

A falta dessa visão estratégica reflete-se em várias áreas. No ensino, o mar raramente é abordado de forma integrada à história, geografia e ciências, reduzindo o conhecimento popular sobre sua importância. No turismo, potenciais destinos costeiros e marítimos permanecem subaproveitados.

Setores como a pesca, a indústria naval e a exploração sustentável dos recursos oceânicos também sofrem com a ausência de planejamento e investimentos estruturados. Sem uma mentalidade marítima consolidada, a sociedade se afasta de sua própria realidade geográfica e deixa de aproveitar plenamente as oportunidades que o mar oferece.

Caminhos para desenvolver uma cultura marítima no Brasil

Superar esse quadro exige políticas coordenadas. A educação é um ponto central: incluir conteúdos sobre geopolítica marítima, economia azul e cultura naval nos currículos escolares pode formar novas gerações conscientes do valor do mar.

Campanhas públicas, eventos científicos e culturais e o fortalecimento de instituições de pesquisa oceanográfica também são fundamentais. Além disso, o incentivo à inovação tecnológica no setor marítimo pode gerar soluções para proteção ambiental, defesa e exploração econômica sustentável.

Resgatar o pensamento de Therezinha de Castro é, portanto, não apenas um exercício de memória, mas uma convocação para que o Brasil finalmente se volte para o mar como parte indissociável de sua identidade e de seu futuro.