ESPORTE Vela

Martine Grael e Kahena Kunze se recuperam, mas não têm mais chances de Medalha Olímpica

Crédito: Vela 49er FX – Martine Grael e Kahena Kunze Foto: Wander Roberto/COB

Elas não desistem. As bicampeãs olímpicas Martine Grael e Kahena Kunze, da 49er FX da Vela, começaram esta quarta-feira, 31, numa posição muito difícil, a 15ª colocação na classificação geral dos Jogos Olímpicos Paris 2024. Apenas 10 barcos se classificavam para a Regata da Medalha, a última da classe a ser realizada na raia em Marselha, cidade que fica cerca de 800km ao sul da capital francesa. Nas duas últimas regatas, as brasileiras mostraram o porquê de terem feito história com dois ouros olímpicos na Rio 2016 e Tóquio 2020 e conseguiram um 9º e um 2º lugar para, no geral, terminarem a classificação na 8ª posição. Um desempenho bem diferente dos dias anteriores.

“Estou feliz de fazer a Medal Race, porque até ontem a gente estava em 15º, uma posição que não se via luz no fim do túnel. Chegar nessa última regata, eu fico bem mais feliz para amanhã”, analisou Kahena. “Com certeza, a gente velejou o nosso melhor hoje, conectada uma com a outra, olhando para fora e velejando o melhor que o barco poderia estar. O velejo foi muito prazeroso hoje, e estava uma condição bem difícil, porque o lado direito tinha vento, só que o esquerdo tinha rondada. Era eu tentar manter o foco no barco, enquanto a Martine olhava cada rajada e rondada e funcionou super bem”.

Para Martine, foi uma sensação de alívio. “Os outros dias foram um pouco tristes, mas hoje foi um suspiro de alívio poder velejar mais. Nos outros dias não clicou, e hoje clicou. Simples assim”, comentou Martine. “Eu chorei tudo que tinha para chorar já ontem. Não sei, nesses outros dias, a gente não conseguiu performar. (Na Medal Race) é fazer o que a gente pode fazer e se divertir”, completou.

A campanha das bicampeãs olímpicas fugiu ao padrão, sendo bastante irregular. Eles começaram com um 13º, depois um 5º, um 6º e novamente um 5º. Porém, na quarta regata, acabaram sendo punidas com a desqualificação por terem largado um pouco antes do sinal oficial de largada. A partir daí, elas ficaram apenas duas vezes entre as 10 melhores, com um 10º na Regata 7 e um 9º na seguinte. No somatório geral, começaram o dia na 15ª colocação. Kahena analisou que o incidente interferiu no desempenho da dupla.

“Com certeza, tivemos um pouco de pressão. Quando você larga fora, te dá um pouco de desânimo, porque era uma regata boa, que a gente poderia ter contado um quinto lugar. Você fica mais receosa de largar fora, de não poder arriscar. E, em dias mais difíceis, você precisa arriscar um pouco”, contou.

“Mas faz parte, é o esporte. Às vezes você ganha e às vezes você perde. Talvez não fosse a nossa semana… A gente sempre vai ser bicampeãs olímpicas e isso nos dá muito orgulho”, completou.

Apesar da classificação, as brasileiras não têm mais chances de medalhas. O outro barco brasileiro da classe não se classificou para a regata da medalha. Marco Grael e Gabriel Simões, do 49er, terminaram na 19ª colocação.

Mateus Isaac ainda busca avançar de fase

No windsurfe (IQFoil) masculino, o Brasil está representado por Mateus Isaac. Nesta quarta-feira, 31, o brasileiro não foi tão bem, somando um 15º e um 8º lugares, caindo da 12º para a 15ª colocação no geral. Para o dia 1º estão previstas mais cinco regatas. Se ele entrar entre os 10, a fase seguinte zera os pontos e todos saem do mesmo patamar na disputa por medalhas.

O Brasil ainda terá outros cinco barcos em Marselha. Gabriella Kidd (dinghy feminino, ILCA 6) e Bruno Fontes (dinghy masculino, ILCA 7) competem a partir desta quinta-feira, 1º de agosto. No dia seguinte, será a estreia de Henrique Haddad e Isabel Swan (dinghy misto, 470). No dia 03, João Siemsen e Marina Arndt (multihull misto, Nacra 17) fazem as primeiras regatas, enquanto Bruno Lobo (Fórmula Kite) será o último brasileiro da Vela a estrear em Paris 2024, no dia 04.

“Na ordem, temos o Bruno Fontes e a Gabriela Kidd. Vai ter uma mudança no vento, vai ficar mais forte e ele gosta disso. O Ilca 6 é uma flotilha muito forte e a Gabriela terá que se superar. No 470 misto, estamos com o Henrique ‘Gigante’ e a Isabel, atletas experientes, Henrique  em sua terceira Olimpíada, Isabel é medalhista olímpica, mas é uma classe muito competitiva. O Nacra com o João e a Marina treinaram muito, ficaram muito tempo aqui em Marselha. Dependendo das condições, eles têm condições de performar, ficaram em 10º no Mundial e vem numa ascendente. E, por fim, o Bruno Lobo temos uma expectativa de que consiga andar no grupo da frente”, avaliou Walter Boddener, Chefe da Equipe de Vela do Brasil em Paris 2024.