Por Primeiro-Tenente (T) Fellipe ROMÃO Sousa Correia
A rede de estações meteorológicas sobre o continente é expressivamente maior do que sobre o oceano.
Em ambientes marítimos, são exigidos maiores esforços para manter pontos de coletas de dados, o que
envolve gastos como: combustível de embarcações no trajeto rumo aos locais de fundeio das boias e
trocas de equipamentos e sensores avariados pelas intempéries da natureza ou ainda por vandalismo de
embarcações clandestinas.
Com o advento do sensoriamento remoto, que consiste na observação de variáveis físicas a distância, com
base na propagação de ondas eletromagnéticas entre o sensor e o alvo, tornou-se mais fácil e frequente
obter-se dados das condições ambientais do planeta, principalmente sobre os oceanos. A tecnologia
permite que tais sensores sejam acoplados a satélites que orbitam ao redor do planeta de modo que
possam realizar as observações e gerarem dados.
Dois sensores de grande importância para a Meteorologia e Oceanografia são o escaterômetro (Fig. 1) e o
altímetro (Fig. 2), que fornecem estimativas, respectivamente, da direção e intensidade do vento e a altura
das ondas em alto mar. Ambos os sensores estão a bordo de satélites de órbitas polares, que realizam em
média duas passagens por dia sobre um mesmo ponto da Terra.
Os dados obtidos tanto pelos escaterômetros quanto pelos altímetros são fundamentais para diversas
aplicações no Serviço Meteorológico Marinho brasileiro, dentre elas: comparação entre os prognósticos
dos modelos numéricos de previsão do tempo e das condições do mar e os dados observados; validação
dos avisos de mau tempo emitidos nas subáreas da METAREA V; e classificação de sistemas subtropicais
e tropicais.
Como exemplo de produtos destes sensores satelitais, apresenta-se uma passagem do escaterômetro HY-
2B às 09:30Z (06:30 horário local) do dia 24FEV2022 (Fig. 3), onde é possível identificar ventos de nordeste com intensidade entre 20 e 30 nós no norte da área HOTEL da METAREA V, adjacente ao litoral da costa norte do Brasil. Já na parte oceanográfica (Fig. 4), nota-se alturas de ondas entre 5,0 e 7,3 metros na área ALFA da METAREA V, próximo ao litoral da região sul do Brasil, às 17:46Z (14:46 horário local) do dia 29JUN2021. Estas ondas elevadas foram devido a passagem da Tempestade Subtropical Raoni sobre a região.
Portanto, graças as estimativas obtidas pela tecnologia do sensoriamento remoto, é possível preencher as
lacunas de dados observados sobre os oceanos, contribuindo assim para um maior conhecimento a
respeito do comportamento das variáveis meteoceanográficas em áreas marítimas.
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