Meteorologia e Oceanografia

Como se formam as correntes oceânicas?

Existe uma grande variedade de tipos de correntes oceânicas. Cada tipo é formado por forçantes distintas e é oriundo de um processo diferente. As escalas espaciais envolvidas variam, podendo ser da ordem de alguns metros até da ordem de milhares de quilômetros. Da mesma forma, as escalas temporais variam tanto quanto, podendo ser da ordem de poucos minutos até da ordem de centenas de anos.

O Sol é responsável por praticamente toda a energia que a superfície terrestre recebe, e devido à forma da Terra e à composição heterogênea de sua superfície, o aquecimento por parte do Sol acaba por ser desigual. Tal aquecimento desigual da superfície terrestre dá origem aos ventos. Estes, ao soprarem por sobre os corpos d’água, geram fricção entre o ar e a água, transportando a porção aquosa, acarretando no surgimento das correntes mais simples geradas pelo vento.

Os grandes giros subtropicais estão presentes em todos os oceanos e estão centrados aproximadamente nas latitudes de 30 graus, em ambos os hemisférios. Na formação das correntes dos grandes giros subtropicais, além do vento, estão envolvidos outros processos ainda mais complexos.

O vento, ao soprar por tempo suficiente em uma região de profundidade adequada e sob os efeitos da rotação da Terra, pode desenvolver um padrão de correntes cujo sentido da corrente varia com a profundidade – este conceito é conhecido como Espiral de Ekman. Dessa forma, toda a porção superficial dos oceanos, carregada pelo vento e tipicamente da ordem de algumas dezenas de metros, é, em média, transportada para uma direção a 90 graus em relação à direção do vento! Em outras palavras, dadas as condições adequadas, o transporte médio de água não flui na direção para a qual o vento sopra. Tal direção é à esquerda da direção do vento no hemisfério sul e à direita da direção do vento no hemisfério norte.

Assim, o padrão de ventos reinante nos oceanos acaba por convergir o transporte de água superficial para o centro das bacias oceânicas e o nível do mar nessas regiões é levemente elevado. Este aumento local do nível do mar causa uma tendência da água para fluir para as bordas das bacias oceânicas, em direção aos continentes. Porém, assim como ocorre com os ventos, as correntes também são influenciadas pelos efeitos da rotação da Terra, sendo defletidas para a esquerda de sua trajetória original no hemisfério sul e para a direita da mesma no hemisfério norte. Consequentemente, o resultado final deste processo é um fluxo de água no sentido anti-horário no hemisfério sul e horário no hemisfério norte, gerando os grandes giros subtropicais. No Oceano Atlântico Sul, as principais correntes deste sistema são a Corrente do Brasil (a oeste), a Corrente do Atlântico Sul (a sul), a Corrente de Benguela (a leste) e a Corrente Sul Equatorial (a norte).

É evidente a complexidade do processo que dá origem a tais correntes, sendo estas apenas um exemplo de um tipo de correntes existente nos oceanos. Na tentativa de estudá-las e melhor entendê-las, oceanógrafos e meteorologistas desenvolveram modelos matemáticos que as descrevem. Tais modelos são alimentados por uma imensidade de dados, podendo estes ser medidos por sensores instalados em boias, lançados por navios e que operam a bordo de satélites artificiais que orbitam o planeta. Contudo, apesar da imensidade de dados e da vasta gama de modelos matemáticos existentes, muito ainda falta para ser medido, modelado, estudado e descrito nos oceanos.

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