Por Gabriel Pierin
Peter Hemsworth Troy nasceu em 15 de novembro de 1938, em Hamilton, Victoria. O australiano, criado em Torquay, foi um dos primeiros a surfar em Bells Beach. A sua iniciação se deu no Torquay Surf Life Saving Club, aos 10 anos de idade. Em 1963 ele resolveu largar o trabalho de contador em Melbourne para embarcar no vapor Castel Felice com destino à Grã Bretanha. Ele carregava apenas uma mala, sua prancha e muita coragem.
Naquele mesmo ano Troy venceu o Campeonato Europeu de Surf, na França, e seguiu sua surftrip por diversos lugares da Europa até atingir o Havaí, onde encarou as ondas de Makaha e Pipeline. Troy contornou a América pelas praias da Costa do Pacífico até atingir o Peru, onde disputou um campeonato de surfe e chegou até o Rio de Janeiro, no Brasil, depois de ter desbravado a selva amazônica, contraindo, inclusive, Malária.
Muita coisa mudou quando o famoso surfista apareceu no Rio, em 1964. Era o fim dos madeirites e o começo de uma nova era. Troy passeava pela praia quando viu alguns surfistas no mar. O brasileiro, filho de americanos, Russel Coffin era dono de uma Bing Surfboards e emprestou a prancha para Peter Troy. As ondas estavam grandes no Pontão do Arpoador. O australiano caiu no mar, remou até a linha da arrebentação, enquanto uma plateia se formava para ver o gringo surfar. Apesar da má formação, Peter entrava em qualquer onda e caminhava até o bico para delírio de todos. Peter Troy fez história no Rio de Janeiro. Seu feito marca o início do surfe moderno no país.
Peter Troy seguiu sua saga pelo litoral do continente africano usando os mais diferentes meios de transportes, de iates a cargueiros, de camelo a ônibus. Após quatro anos de viagem e 125 mil milhas percorridas, Troy voltou a Torquay.
Aquela foi a primeira de outras viagens internacionais. Nem mesmo ele soube por quantos países passou, mas acredita-se que algo em torno de 140 ou 150 países. Pelos destinos de surfe alguns picos foram descobertos, como Lagundri Bay na Indonésia e Tamarin, nas Ilhas Maurício.
Em 2007 Peter Troy recebeu a medalha da Ordem da Austrália. No ano seguinte, aos 69 anos, em decorrência de um coágulo sanguíneo no pulmão, o homem de tantas aventuras deixou o mundo levando suas melhores histórias consigo. Parte do seu legado está revelado no livro “To the four corners of the World” (sem tradução no Brasil). A obra é uma compilação de centenas de cartas e cartões postais enviados para seus pais durante os quatro anos de sua viagem.
Equipe do Museu do Surfe
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