ESPORTE Surf

Guto Maui Surfboards

Por Gabriel Pierin


A relação de Guto Maui com o mar vem dos seus antepassados. O avô, Giorgios Kostas Fragiadakis, grego da Ilha de Creta, honrava os antigos cretenses, hábeis navegadores do mar Egeu, nadando todos os dias às 5 da manhã. Essa paixão ele passou para a filha, Catharina Frangello, mãe de Guto.


Catharina nasceu em Santos e morou na Biquinha, em São Vicente. Ela começou competindo pelo Tumiaru e fez do mar a extensão da piscina do clube. Na época São Vicente sediava diversas provas de travessia e os treinos de Catharina eram diários, nadando das Pedras do Mato (Marco Padrão) até a Ilha Porchat ou Praia das Vacas, sempre acompanhada pelo irmão, João Frangello, no barco à remo. Surfista e esquiadora pioneira de São Vicente, a campeã de natação frequentava a Turma do Gáudio e da Biquinha com amigos e outras gatas da praia. Assim ela conheceu o paulistano Luiz Antônio Navarro, outro apaixonado pelo mar, em especial do esqui aquático.
Dessa união, na encantadora São Vicente dos anos 1950, nasceu Luiz George Navarro, um exímio pescador e futuro advogado e professor de Direito Penal, e três anos depois, o segundo filho do casal, João Augusto Navarro Neto, em 4 de janeiro de 1957. Carregando o nome do avô paterno, morto na Revolução de 32, o menino sempre se reconheceu como Guto, apenas Guto. E foi na simplicidade que ele construiu sua vida, inspirado pela natureza.


As primeiras recordações de Guto são da lancha do pai, ainda no início da década de 1960 e da pranchinha de madeira fabricada pelo avô grego. Aos 11 anos, em 1968, ele ingressou no Ginásio do Colégio do Carmo. Todas as manhãs ele partia de ônibus, na viagem para a Ponta da Praia ao lado do seu professor de Educação Física e mentor da garotada da natação, Geraldo Faggiano. Nesse mesmo ônibus também se juntava o saudoso Nelson Exel até o Colégio Escolástica Rosa.


Foi o próprio Nelson, visionário fabricante de pranchas, que transformou os antigos pranchões em mini models. As pranchinhas, mais rápidas e manobráveis sempre atraíram Guto. Nelson, quatro anos mais velho, era seu ídolo e fonte de inspiração.


Guto virou seu ajudante e aos 12 anos, o aprendiz realizou o sonho de construir sua própria prancha, uma 5’3. Ele não parou mais. Guto transformou um dos quartos da casa em oficina.


Nascia a Maui Surfboards, nome inspirado numa reportagem da revista Surfing sobre a Ilha de Maui, no Havaí. Aos 16, ele foi o mais jovem shaper a vencer um campeonato, com as pranchas fabricadas para Cisco e Bulina, vencedores das categorias Junior e Senior do II Campeonato Vicentino de 1973. O Campeonato teve apoio da Suns Door Surfboards, marca criada em parceria com o amigo e shaper Longarina, dedicada ao point break preferido de Guto, a Porta do Sol.


Em 1975, o surfista entrou para Surf Team do Homero. Além de grande amigo, Homero foi também seu professor de Windsurf. Guto viveu inúmeras experiências, e sua destreza para criar e construir passou pelo motocross e fuscross, conhecendo as mais cobiçadas praias do Brasil, entre elas as de Florianópolis, paraíso que escolheu morar e onde fez amizade com grandes shapers como Jorge Costa e o lendário Machucho. Solteiro e sem filhos, o gênio indomável de espírito livre mora num motorhome e segue procurando ventos e ondas.


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Coordenador de pesquisas históricas do Surfe @diniziozzi – o Pardhal