Meteorologia e Oceanografia

Meteotsunami

Figura: Meteotsunami que atingiu uma praia na Itália.

 

Existem diversos sistemas de ondas que se formam em mar aberto e, eventualmente, atingem as regiões litorâneas. Muitos deles são de conhecimento popular, principalmente entre as comunidades costeiras, navegantes, velejadores e surfistas, como por exemplo: marulhos (swell), vagas (windsea) e ressaca (surge). Outros, não tão conhecidos, como a rogue wave e o meteotsunami, também são objeto de estudo entre oceanógrafos e meteorologistas. O meteotsunami ganhou notoriedade na mídia em função dos prejuízos que sua ocorrência causou em determinadas praias do litoral brasileiro.

O termo meteotsunami apareceu pela primeira vez em 1961 por A. Defant, mas há pesquisas que remontam à década de 1930. Este fenômeno é causado principalmente por uma oscilação abrupta da pressão atmosférica associada a presença de um sistema meteorológico intenso, tais como linhas de instabilidade, sistemas frontais, ciclones extratropicais, rajadas e furacões. Diferentes dos clássicos tsunamis, não possuem origem em eventos geológicos abaixo da superfície do mar (ex.: ajuste de placas tectônicas e maremotos).

Possuem a mesma escala temporal e espacial dos tsunamis de origem geológica. São ondas de gravidade com períodos maiores que 20 segundos, com grande potencial de devastação de áreas costeiras.

Há poucos registros desse fenômeno no Brasil em função da dificuldade de classificá-lo, contudo, destaca-se aqui dois casos de meteotsunami ocorridos na região sul do Brasil: um no Rio Grande do Sul, na Praia do Cassino, em fevereiro de 2014; e outro em Santa Catarina, em outubro de 2016.

Por fim, pode-se entender que o meteotsunami consiste em uma onda de grande potencial devastador, com efeitos similares a tsunami, porém com origem em instabilidades atmosféricas que entram em ressonância com as ondas geradas no oceano. Estas ondas, por sua vez, podem ser amplificadas próximo a costa e dentro de baías devido a profundidade rasa.

A previsão de meteotsunamis permanece um desafio aos meteorologistas e oceanógrafos em função da modelagem numérica de ondas em águas rasas e da correta resposta às forçantes atmosféricas. O tema requer aprofundamento para que haja identificação de meteotsunamis e áreas preferenciais da costa brasileira.