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Entrevista com Günther Müller

Günther Müller é sócio fundador do RUMAR – Instituto Rumo ao Mar. Sua participação remonta ao Projeto Rumo ao Mar, iniciado em 1989 o qual, tinha como meta, dotar cada grupo de Escoteiros do Mar no Brasil, com pelo menos uma embarcação adequada a prática da marinharia.

Primeiros passos. Günther remando aos 5 anos. Crédito Redação.

Sendo sócio fundador do RUMAR e tendo participado desde o início quando ainda era Projeto Rumo ao Mar, como o senhor vê o projeto hoje?

Resp.: O RUMAR, foi inicialmente pensado pela iniciativa do Comandante Carlos Borba com grande influência no âmbito da Marinha, Cristiano da Rocha Miranda Pontes e de Günther Sérgio Müller.
O RUMAR passou por um processo de maturação onde os objetivos se evidenciaram, trazendo uma nova perspectiva para os momentos atuais

O senhor construiu alguns barcos escaleres. Como é um barco escaler e para que tipo de navegação ele é indicado?

Resp.: A finalidade deste escaler, é trazer o maior número possível de pessoas para as práticas do mar, quer sejam da Marinha, civis como os Escoteiros do Mar, Colônias de Pesca e as Escolas de Vela.

Poderia contar como foi essa experiência e qual a função social desses barcos?

Resp.: Apesar de gratificante, foi uma experiência exaustiva e com muitas barreiras. É uma embarcação feita para integrar pessoas nos seus mais variados níveis sociais.

Escaler Flor de Liz, do Grupo de Escoteiros do Mar 116 em uso compartilhado com a EDN -Escola de Desportos Náuticos do Iate Clube do Rio de Janeiro. Crédito redação.

Quem são e qual é a importância dos chamados “escoteiros do mar”?

Resp.: Os Escoteiros do Mar são uma iniciativa para forjar o caráter e criar uma nova perspectiva para os jovens acharem seu caminho na sociedade.

O que gostaria de ver realizado nesse projeto?

Resp.: Dotar a Marinha Brasileira, os Escoteiros do Mar, as Colônias de Pesca e as Escolas de Vela com uma embarcação versátil, leve, de fácil manuseio e de baixo custo para ser usada em qualquer área onde haja mar, lagoas ou águas interiores navegáveis.

Como pioneiro na fabricação de barcos em fibra de vidro no Brasil, como foi executar tal projeto e qual o legado dele?

Resp.: Se ver cercado de pessoas admiráveis e aumentar o amor pelo Mar.

Veleiro Thaiti. Primeiro veleiro cabinado, fabricado em série no Brasil. Crédito redação

O que é e como se dá a infusão em barcos e qual a vantagem dessa tecnologia?

Resp.: A infusão é um processo industrial de fabricação que diminui a mão de obra, aumenta a produção e dá melhor acabamento nas embarcações, além de proporcionar uma menor emanação de gases, pelo fato da resina ser encapsulada.

Como o Brasil conquistou seu direito às águas que hoje denominamos “Amazônia Azul”?

Resp.: Com 8.500 km de costa, o Brasil obteve junto à ONU o domínio exclusivo de nossa plataforma continental submarina e do entorno das ilhas oceânicas para exploração e preservação de uma área que vai além das 200 milhas náuticas (370 km). Somado ao mar territorial e à Zona Econômica Exclusiva (ZEE), representa um espaço marítimo com quase 4,5 milhões de km², o que corresponde a aproximadamente 52% do território Brasileiro ou, uma nova Amazônia. Em outras palavras, “nossa última fronteira está sendo traçada no mar”. É o que a Marinha do Brasil chama de “Amazônia Azul”.

Amazônia Azul. Crédito SECIRM.

O que o senhor espera do RUMAR, em realizações, daqui para frente?

Resp.: Espero que o RUMAR possa aumentar gradativamente o número de pessoas adeptas e interessadas nos assuntos do Mar, devolvendo ao País a sua outrora predominância e histórica maritimidade, uma relação indissociável com o mar, visto que já foi a segunda maior marinha do mundo.

Gostaria de fazer alguma consideração final?

Resp.: Conseguir através dos ensinamentos adquiridos ao longo de 59 anos de vida dedicados a esse ramo, ensinar ao maior número possível de pessoas este conhecimento, antes que a vida me leve para a última viagem.

Atlas Geográfico das Zonas Costeiras. Fonte: SECIRM/IBGE.

Jornalista responsável: Flavio Porto começou como jornalista trabalhando no primeiro provedor de internet do Rio de Janeiro, o Inside Information Systens (IIS) nas funções de webmaster, editor e redator da página principal e do seu site sobre jogos eletrônicos, o “jogos.com.br”, além de trabalhar como colaborador na revista mensal “Mundo dos Jogos”. Após aprovação em concurso, passou a integrar a revista do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro como jornalista e repórter fotográfico. Depois, atuou por alguns anos como chefe do antigo Serviço de Comunicação e Identidade Visual do mesmo Tribunal. Também fez uma exposição literária-fotográfica no Museu da Justiça do TJRJ durante esse período. Atualmente, escreve para o Rumar.org.br, voluntariamente.