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Cembra propõe transformar o mar brasileiro em prioridade nacional

Em um esforço para reposicionar o mar brasileiro como elemento central da estratégia nacional, o Centro de Excelência para o Mar Brasileiro (Cembra) lançou um caderno inédito com diretrizes para o fortalecimento da ciência, tecnologia e inovação na Amazônia Azul. O documento busca consolidar o oceano como vetor de desenvolvimento sustentável, soberania e geração de riqueza para o Brasil.

Iniciativas tecnológicas e científicas propostas pelo Cembra

Lancha e barco próximos a farol no mar azul.

O Caderno de Ciência, Tecnologia e Inovação no Mar, lançado pelo Cembra em parceria com a Fundação de Estudos do Mar (FEMAR), apresenta um panorama ambicioso: integrar ciência, governo e setor produtivo para fomentar a economia do mar. O documento propõe investimentos prioritários em áreas como observação oceânica, biotecnologia marinha, pesca sustentável, maricultura, construção naval e tecnologias digitais.

Um dos pontos críticos destacados é a criação de um repositório nacional de dados oceanográficos. Segundo o Professor Doutor Sidney Mello, da UFF, “sem dados, não há soberania e nem inovação”. O caderno também enfatiza a urgência em ampliar a frota de pesquisa científica marítima, equipar os centros de estudos com veículos remotamente operados (ROVs) e desenvolver projetos que fortaleçam o conhecimento da biodiversidade, geologia e clima em pontos estratégicos como a Ilha de São Pedro e São Paulo

Importância estratégica e ambiental da Amazônia Azul

Braço robótico analisando coral no fundo do mar.

Amazônia Azul, nome dado à vasta extensão marítima sob jurisdição brasileira, representa mais de 5,7 milhões de km² e abriga riquezas inestimáveis. Além de concentrar recursos minerais e pesqueiros, a região é essencial para o equilíbrio ambiental e climático do planeta. Por isso, a proposta do Cembra se alinha à Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável (2021–2030), liderada pela ONU.

O documento reconhece que a preservação dos ecossistemas marinhos é inseparável da exploração econômica. A abordagem sugerida é baseada na ciência de evidências e na adoção de tecnologias limpas para reduzir impactos ambientais. A participação ativa da Marinha do Brasil e de universidades reforça o compromisso com o uso sustentável e responsável dos recursos marítimos, protegendo tanto a biodiversidade quanto as comunidades costeiras e tradicionais.

Economia azul como motor de inovação e soberania nacional

Além de seu valor ecológico, o mar brasileiro tem potencial para se tornar um dos principais motores de inovação, geração de empregos e competitividade internacional. O caderno sugere aproveitar o enorme potencial brasileiro em energia eólica offshore e correntes marítimas como fontes renováveis, além de integrar projetos de hidrogênio verde ao setor naval e energético.

Para o presidente da FEMAR, Almirante de Esquadra Marcelo Francisco Campos, “é preciso agregar valor à produção marítima nacional, assim como já fazemos na indústria aeronáutica e de defesa”. O país ainda exporta muitos produtos marinhos in natura, e o fortalecimento da economia azul pode mudar essa realidade, promovendo indústria de transformação, inovação tecnológica e aumento da soberania sobre o território marítimo.

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