Os primeiros velejadores já chegaram entre a terça e quarta-feira no Iate Clube de Santos para a disputa da 70ª edição da Regata Santos – Rio. Regata tradicional e difícil da vela de oceano brasileira que, este ano conta com várias feras da vela brasileira. O evento é organizado pelo Iate Clube de Santos, Iate Clube do Rio de Janeiro com apoios da Associação Brasileira de Veleiros de Oceano, a ABVO, CBVela e Prefeitura de Santos.
A largada será na sexta-feira, dia 23, a partir das 12h, como recorde de mais de 70 barcos presentes (cerca de 500 velejadores) mas antes, às 10h30, haverá um desfile pela Baía de Santos com homenagem aos 12 barcos presentes campeões da histórica regata, com salva de canhão do Navio-Veleiro Cisne Branco que, ficará ancorado na frente do Píer dos Pescadores, em Santos (SP).
Lars Grael chegou na noite desta terça-feira, vindo do Rio de Janeiro com seu barco Avohai, no qual disputará na classe ORC. Na tripulação, terá seu sobrinho, Marco Grael que, já garantiu sua vaga para os Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021. Duas vezes medalhista Olímpico, 1988 em Seul, na Coreia do Sul e, 1996 em Atlanta, nos EUA, Lars comentou sobre a previsão de contra-vento para a prova o que deve alongar a duração da regata: “Por enquanto a previsão meteorológica não é muito favorável. São de ventos contra, do quadrante leste, com intensidade média a forte, podendo ter chuva a partir de sábado. Mas isso é a Santos-Rio, com o vento que predomina na costa. Talvez a importância da regata se dê pelo desafio e dificuldades que se apresentam. Então a tática será decisiva: se os barcos vão navegar mais próximos ou mais afastados da costa, cada um vai tomar sua decisão buscando chegar o quanto antes no Rio, em busca da tradicional taça Cidade de Santos”.
E as condições favorecem a quais tipos de barcos ? Lars destaca: “Não sabemos as condições que encontraremos na chegada no Rio de Janeiro, onde a tendência é o vento diminuir ou morrer. Se as condições forem de vento intenso por todo o trajeto, favorece os barcos maiores. Se chegarmos no Rio com pouco vento e, no domingo de manhã entrar vento de novo, daí pode favorecer os pequenos. Portanto, é uma previsão difícil de afirmar, mas normalmente os barcos maiores, com forte contra-vento, são favorecidos”.
O dia também teve o primeiro contato de Torben Grael – hexacampeão da Santos-Rio como comandante do barco Rudá com, membros do projeto Vela Jovem da Confederação Brasileira de Vela, futuros grandes nomes da vela Brasileira. Entre eles, está o filho de Lars Grael, Nicholas e, Giovanna Prada, filha do medalhista olímpico Bruno Prada. O veleiro terá presença também de Henry Boening, proeiro de Robert Scheidt e, do campeão mundial, Samuel Gonçalves.
Baianos chegam após saga de 12 dias no mar, com barco campeão de 2001.
Quem chegou no fim da tarde de quarta-feira, foi o veleiro Marujo’s, do baiano Gerald Wicks. Ele veio direto do Aratu Iate Clube, dentro da Baía de Todos os Santos, em Salvador (BA). É sua primeira participação na Santos-Rio e, será homenageado pela conquista em 2001 do seu barco que, na ocasião chamava-se Neptunus X e, foi comandado pelo carioca André Mirsky, filho do lendário Sérgio Mirsky. Wicks adquiriu o barco, faz uma década.
Gerald, que começou a velejar em Itapuã há mais de 40 anos, saiu da capital baiana no dia 10 de outubro e, fez sua viagem em 12 dias, até chegar ao Iate Clube de Santos, uma saga com alguns percalços no caminho: “A intenção era vir parando mas, tivemos muitos problemas com forte contra ventos, avarias importantes, rasgamos vela, o monitor estourou, cabo que arrebentou, precisamos retornar pro porto anterior. Estávamos quase em Abrolhos, quando retornamos a Ilhéus (BA) para esperar a frente fria passar. Em Vitória (ES), ficamos dois dias parados esperando outra frente passar, depois fomos para Ilhabela (SP) e chegamos aqui. Vamos fazer os devidos reparos necessários nesta quinta-feira, para chegar bem na sexta”.
O veleiro estará na raia na classe ORC, concorrendo diretamente com fortes veleiros como o Avohai de Lars Grael, o Blue Seal, com Martine Grael, e o Crioula 29, com Samuel Albrecht.
“Acredito que se fizermos tudo certinho na regata, conseguiremos chegar em uma posição boa. Sempre corremos na classe ORC, a mais competitiva. Pro nosso perfil, achamos que é a que mais se encaixa. Nosso barco é rápido, não sei se iremos bem no tempo corrigido, mas no real vamos tentar chegar perto dos ponteiros. A previsão de contra-vento não me assusta, só teremos mais horas velejando. Se o vento ficar muito forte pode ficar desconfortável mas, estamos prontos. Quem veleja no mar não pode escolher muita coisa, é regular as velas e seguir adiante”.
Após 17 dias de viagem, gaúchos disputam pela primeira vez, com barco campeão de 1980
Outro barco que veio de longe, foi o Five Stars, com tripulação de seis, todos gaúchos, direto do Iate Clube Guaíba, em Porto Alegre (RS). Foram 17 dias de viagem. O veleiro, construído em 1979 para disputar uma prova na Holanda, foi o campeão da Regata Santos-Rio de 1980 e chega, com o status de ser totalmente fabricado e projetado no Brasil, um dos poucos na história da regata .
“Nunca viemos para a Santos-Rio. É o local mais longe para competir que nos deslocamos. Viemos para homenagear o aniversário das 70 edições e, também porque o barco foi um dos poucos com projeto totalmente brasileiro campeão da Santos-Rio. Saímos de Porto Alegre, paramos em Rio Grande (RS), depois demos um tiro até Porto Belo (SC) depois, decidimos só velejar de dia, paramos em Itajaí (SC), ilha de São Francisco (SC), ilha do Bom Abrigo (PR), quase na entrada de São Paulo e, viemos direto para cá. Mantivemos uma média acima de 5 nós com vento fraco, acionando o motor, não tivemos avarias”, disseram o comandante Luiz Fernando e o capitão Volney Lima que vão correr com perspectivas de chegar ao Rio de Janeiro com segurança diante das condições adversas previstas: “Ele é bom de contra-vento, mas é um barco de 41 anos. Não queremos forçar muito, vamos colocar uma vela adequada, sem exigir muito da tripulação e, velejar com segurança”.
Além dos grandes nomes descritos acima, a 70ª Santos-Rio terá outros medalhistas olímpicos como Kiko Pelicano e Isabel Swan, campeões Mundiais como Maurício Santa Cruz, Samuel Gonçalves, velejadores que estarão na Olimpíada de Tóquio 2021 como Samuel Albrecht. Pedro Trouche, campeão da Star Sailors League em 2018, também marcará presença.
O evento terá dois barcos, o Bravo e o Sexta-Feira, com doze tripulantes de projetos sociais de Vela: o Grael, de Niterói (RJ) e, o Navega São Paulo, de Praia Grande (SP). A maioria, de comunidades carentes e que arrecadaram dinheiro por uma vaquinha virtual, para estarem na competição.
O veleiro Aventura, de 1957, é o mais antigo da raia. De madeira e reformado há dois anos, ele é um destaque à parte. Foram 40 anos competindo no Rio Grande do Sul, onde foi construído, e desde 2008 está baseado em Angra dos Reis (RJ).
Os barcos vão disputar as categorias ORC, IRC, BRA-RGS, BRA-RGS Clássicos e Mini-Transat.
Lembrando que a vela de oceano, estará no programa dos Jogos Olímpicos de 2024 em Paris.
COBERTURA DA IMPRENSA
A imprensa terá disponível espaço reservado no Píer dos Pescadores, em Santos, para a cobertura do desfile a partir das 10h30, com visão privilegiada dos barcos e do Navio-Veleiro Cisne Branco, o qual estará posicionado logo em frente, fazendo uma salva de canhão para cada barco vencedor.
Ao lado do Pier dos Pescadores, teremos uma lancha disponibilizada pelo Iate Clube de Santos, para levar as equipes da imprensa para acompanhar a largada e, os primeiros momentos da regata, com largada prevista a partir das 12h.
Acompanhamento online da 70ª Santos-Rio
A 70ª Santos-Rio poderá ser acompanhada online em tempo real, tanto pelas famílias como imprensa e o público em geral, pelo sistema SPOT Brasil, subsidiária da empresa americana Globalstar Inc, que fará o rastreamento dos veleiros. O link será o http://app.dotshow.com.br/.
Após a disputa da 70ª Santos-Rio, será realizada a 51ª edição do Circuito Rio entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro, organizado pelo Iate Clube do Rio de Janeiro. O Circuito Rio valerá como o Campeonato Brasileiro da classe ORC.
Veleiros Homenageados no Desfile de Sexta-Feira (ano do título e nome do veleiro):
1959 – Cangaceiro
1971 – Buscapé
1978 – Krishna
1980 – Five Stars
1995 – H3+
2001 – Neptunus X – Agora chamado de Majuro´s
2007 – Sorsa III
2011 – Magia
2013 – CBVela/Rudá
2015 – Angela Star – Agora chamado de Xamã
2018 – Felciuno – Agora chamado +Bravíssimo
2019 – CBVela/Rudá
Mais informações com Fabrizio Gallas pelo +55 21 994004061, ou <fabrizio@gallaspress.com.br>
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