A Confederação Brasileira de Vela (CBVela) lançou uma nova iniciativa para fortalecer a presença feminina no alto rendimento da vela, focada no aumento de mulheres envolvidas nesse cenário. O projeto é liderado por Martha Rocha, treinadora com larga experiência, que traz em seu currículo o treinamento de Martine Grael e Kahena Kunze. Atualmente Martha é gerente de esportes e é a responsável pelo Programa de vela Feminina, que se propõe a qualificar profissionais e atletas mulheres na vela. O primeiro Training Camp da classe 49er FX visa capacitar tanto atletas quanto treinadoras, promovendo igualdade de gênero e alinhando-se às metas do Comitê Olímpico Internacional (COI) para igualar a participação entre homens e mulheres nas competições.
“O projeto está dentro do Programa de Vela Feminina da Confederação e representa o início das novas gerações para um possível circuito olímpico. Estamos no começo, mas grandes oportunidades podem surgir dessas pequenas iniciativas, pois acreditamos que é através da qualificação técnica que mulheres terão mais espaços e oportunidades de trabalho.”, observou Martha Rocha, treinadora da CBVela.
Maria Hackerott, coordenadora do programa na CBVela e referência no esporte, com uma trajetória que começou aos 6 anos e inclui um bronze nos Jogos Pan-Americanos de 2015, também compartilha sua visão sobre o projeto. “Ainda estamos longe de atingir a paridade de gênero, mas assim como o COI tem como meta equilibrar essa participação, a CBVela também está comprometida em seguir essa visão. Iniciativas como esse treinamento são fundamentais para alcançar uma representação mais igualitária”, afirma Maria.
Elas contam que a iniciativa do Training Camp teve boa adesão, e foi preciso realizar uma seletiva, que contará com a participação de 21 velejadoras, entre atletas e treinadoras, de várias regiões do Brasil. O treinamento busca não só qualificar treinadoras especializadas na classe 49er FX, mas também identificar novas atletas, facilitando a transição da vela jovem para a vela adulta. A ação aproveita o legado material e humano deixado pelas campanhas olímpicas de Martine Grael e Kahena Kunze, que se destacaram na classe 49er FX nas últimas edições dos Jogos Olímpicos, incluindo dois ouros olímpicos, no Rio 2016 e Tóquio 2020.
Oportunidades para a formação e renovação da vela feminina
O projeto tem como um de seus principais objetivos criar um espaço de aprendizado e adaptação ao barco skiff para as jovens atletas, além de oferecer oportunidades para novas treinadoras adquirirem conhecimentos técnicos atualizados sobre a classe.
Maria Hackerott acaba de voltar de um evento oficial da World Sailing, onde levou seu conhecimento para a Bolívia, na formação de treinadoras mulheres no nível 1, um passo importante para aumentar a presença feminina na liderança e no ensino da vela mundialmente. Ela destaca que o Training Camp é parte de um esforço contínuo iniciado em 2023, com o Curso de Treinadoras (PDEF 2023). E, diante deste cenário, a CBVela irá apostar na formação de mulheres altamente capacitadas, tanto no aspecto técnico quanto na gestão e liderança, como um caminho para garantir o respeito e a valorização das atletas e treinadoras no cenário competitivo.
A treinadora reforça que essa capacitação técnica é essencial para que as mulheres não sejam vistas apenas como números para cumprir cotas, mas como competidoras e profissionais altamente qualificadas. “A técnica é um caminho para procurarmos igualdade de gênero. Se tivermos menos técnica que os homens, é fácil sermos desconsideradas. Por isso, precisamos investir fortemente em qualificação”, afirma ela.
A busca por igualdade de gênero na vela enfrenta desafios estruturais, e Maria enfatiza a importância da união das mulheres no esporte. Ela participou de um grupo de discussão que criou uma cartilha sobre as dificuldades das velejadoras, propondo soluções para superá-las.
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