Marinha

Inscrições abertas para Concurso para o Museu Marítimo do Brasil

Espaço Cultural da Marinha – Divulgação

O Rio de Janeiro será a sede do Museu Marítimo do Brasil. Departamento Cultural do Abrigo do Marinheiro (DCAMN), em parceria com a Marinha do Brasil, e o Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Rio de Janeiro (IAB/RJ) anunciaram nesta semana o Concurso de Projeto de Arquitetura para o Museu Marítimo do Brasil. O local será no Espaço Cultural da Marinha, localizado na área central da capital carioca, próximo à Praça XV. O concurso, em nível de Estudo Preliminar, é destinado a arquitetos e urbanistas habilitados para o exercício da profissão, sendo exigida a formação de equipes multidisciplinares para a submissão das propostas. As inscrições estarão abertas a partir da desta quinta-feira (10/6) estendendo-se até o dia 23 de julho, pelo portal exclusivo a ser divulgado pelo IAB/RJ.

A criação do Museu Marítimo do Brasil vai estimular o conhecimento sobre a história marítima que está intrinsecamente ligada à formação do país, sendo este um dos seus conceitos definidores e tendo a brasilidade como objeto fundamental para diferenciá-lo de outros museus de mesmo tema ao redor do mundo. Outra finalidade conceitual trata mar e rios como instâncias culturais, simbólicas e míticas, na convergência de uma sociedade marítima brasileira que carrega diversas origens. Dessa maneira, a localização do museu, na orla do Rio, enfatiza aspectos relevantes da formação da vocação marítima nacional.

O espaço está localizado entre a Praça XV e a Praça Mauá, onde existiu, no século XIX, a Doca da Alfândega. O píer do Espaço Cultural da Marinha, sobre o qual o Museu Marítimo será erguido, passou por restaurações estruturais entre 2017 e 2020. A edificação atual, inaugurada em 1996, funcionou como museu por cerca de duas décadas, tendo sido desfigurada internamente devido às obras de recuperação do píer.

“Esse projeto já vem sendo desenvolvido desde 2009, porém, no início, a ideia era utilizar o prédio preexistente. Com as mudanças feitas na área, percebemos que precisaríamos de uma construção mais qualificada – o Rio de Janeiro é destino turístico mundial e precisamos de um equipamento significativo, com estrutura técnica à altura desse público. A cidade abriga ainda um porto nacional importantíssimo, desde o início da formação do país, por isso é fundamental estar ali, sobretudo numa área que se debruça sobre o mar (…). Vamos nos voltar a ele novamente, desenvolver a consciência marítima que caracteriza a nossa história”, enfatiza o Vice-Almirante José Carlos Mathias, que está à frente da Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM).

Dessa maneira, a construção fará parte de um complexo de museus e centros culturais existentes no Centro do Rio, como o Museu Histórico Nacional, o Museu de Arte do Rio (MAR), o Museu do Amanhã, o Centro Cultural do Banco do Brasil e a Casa França-Brasil. Por meio do concurso, pretende-se obter uma proposta arquitetônica inovadora, que afirme a excelência da arquitetura contemporânea brasileira e agregue valor tanto à instituição quanto ao entorno urbano onde estará inserida.

“Esperamos que a proposta faça o público refletir sobre o mar, que proporcione uma visão da Baía da Guanabara – inexistente hoje (…). Buscamos eleger um escritório de arquitetura para desenvolver o projeto arquitetônico do novo museu, bem como os demais projetos executivos dessa futura construção. Por isso, nossa esperança é que haja grande interesse por parte dos arquitetos e que a banca examinadora tenha muita dificuldade para escolher um vencedor”, finaliza o Vice-Almirante Mathias.

Para o arquiteto Luiz Fernando Janot, coordenador geral do concurso, a oportunidade para arquitetos de todo o Brasil submeterem seus projetos está associada ao marco simbólico desse museu: “Ao abrirmos a possibilidade de termos centenas de arquitetos pensando no tema, com um júri de alta competência para avaliar as ideias, estamos valorizando não apenas um museu com um significado importante, mas também um local de importância histórica para a cidade. Ansiosos para ver como os participantes vão atuar diante das diretrizes do concurso. Certamente, será um espaço de qualidade, que pode se tornar mais uma obra paradigmática na cidade do Rio de Janeiro”.

Além do museu propriamente dito, o programa inclui auditório, restaurante e cafeteria, disponíveis para visitantes e população em geral. “O programa foi desenvolvido sob medida por uma equipe de museólogos e historiadores do Departamento Cultural do Abrigo do Marinheiro (DCAMN) e do DPHDM, ao qual chamamos de ‘Termo de Referência’. Também temos o ‘Projeto Museológico’, definido com absoluta clareza para suporte técnico aos arquitetos (…). Foram acrescentadas as ‘Necessidades Arquitetônicas’, divididas em setores, estabelecendo número de pessoas, áreas e demais desdobramentos, a fim de que se tenha uma certa padronização e os candidatos não sobressaiam tais aspectos projetuais à solução arquitetônica propriamente dita, que é chave esperada pela Marinha do Brasil nesta fase do concurso”, completa Janot.

“O concurso é a ferramenta mais democrática que existe para construirmos novos espaços na cidade e promovermos o debate público. Estamos felizes por trabalhar com a Marinha do Brasil novamente. Os arquitetos que demonstrarem suas reflexões projetuais vão falar com o mundo inteiro através desse museu”, pontua o arquiteto Igor de Vetyemy, copresidente do IAB/RJ.

No ano do centenário do Instituto de Arquitetos do Brasil, o IAB/RJ pretende, por meio de mais uma de suas iniciativas, estimular a reflexão sobre qual deve ser a cidade do futuro, especialmente numa área com tantas transformações: “A relação da sociedade com a sua frente marítima fala muito sobre a própria história da cidade, e precisamos reatar esse laço. Os arquitetos que inscreverem seus projetos têm uma tarefa delicada, porque precisam considerar a integração entre o ambiente construído, a natureza e o museu. A arquitetura vai mediar relações delicadas de perspectivas, tanto de quem estiver dentro do conjunto quanto daqueles que estiverem no seu entorno. Esse museu não é só um museu; é estímulo para se tornar um local do encontro”, complementa Vetyemy.

O Projeto Museu Marítimo do Brasil – Fase 1 – é realizado pelo DCAMN, Marinha do Brasil e pelo IAB/RJ, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, da Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo. O projeto conta com o patrocínio da Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON), da Wilson Sons, da Qualicorp, da Companhia de Navegação Norsul, da Granado Pharmacias, além do apoio do Conselho Nacional de Praticagem do Brasil (Conapra).

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