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Expedição científica nas Ilhas Martin Vaz

Reafirmando o compromisso da Marinha do Brasil em apoio à Ciência, foi realizada a 110ª Expedição de Pesquisas Científicas nas Ilhas Martin Vaz e Trindade, com o objetivo de viabilizar estudos climáticos, oceanográficos, geológicos, históricos e ambientais, visando a geração de informações que auxiliem no conhecimento do nosso território.


As Ilhas Martin Vaz, assim como a Ilha da Trindade são muito importantes para o nosso País, visto que a ocupação garante a soberania de uma área marítima com raio de 200 milhas náuticas, aproximadamente 370 km, ao seu redor, garantindo a exclusividade da exploração econômica e o uso dos recursos marinhos. Tudo que existe na água, no solo e subsolo dessa região pertence aos brasileiros. Nessa ilha há o registro de Haunyta, mineral raro que foi descrito pela primeira vez em 1807, a partir de amostras do monte Somma no vulcão Vesúvio, na Itália. Além disso, esse tesouro da natureza é o paraíso de muitas espécies, como baleias e tartarugas. Todos os anos, seguindo o ciclo natural, baleias, como a jubarte, depois de se alimentarem na Antártica, buscam águas quentes para reprodução, como as proximidades das Ilhas Martin Vaz. Quanto às tartarugas, Trindade é o maior berçário de tartarugas -verdes do Brasil.

Nessa expedição, os tripulantes do Navio Hidroceanográfico Faroleiro “Almirante Graça Aranha” realizaram o estabelecimento do marco testemunho, possibilitando a inclusão de Martin Vaz no banco de dados geodésicos
da rede gravimétrica, para homologação pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

  • IBGE. A obtenção de uma posição precisa é importante para a melhoria dos produtos gerados pela Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha, além de contribuir para o enriquecimento dos bancos de dados nacionais oceanográficos e do IBGE.
    Martin Vaz é o ponto do nosso território mais próximo da África, é onde o Sol ilumina primeiramente o Brasil.
    O clima na região é oceânico tropical, amenizado pelos ventos alísios do leste e do sudeste.
    A temperatura média anual é 25ºC, sendo o mês de fevereiro o mais quente do ano, e setembro, o mais frio. Quase todos os dias, principalmente no verão, ocorrem chuvas rápidas, que recebem o nome de “pirajás”.
    Acontecem na Ilha, entre os meses de abril e outubro, frentes frias períodicas. São geralmente as frentes frias vindas da Antártica, que sobem pelo sul do Brasil, e na Região Sudeste desviam-se para o oceano, provocando mudanças nas condições do mar.

Acampamento inédito de pesquisadores chefiado pela primeira Oficial de Marinha a pernoitar na Ilha

A expedição inédita foi a primeira em que pesquisadores pernoitaram na Ilha Martin Vaz, com logística complexa por ser lugar inóspito, com 175 m de altura, por isso envolveu navio, helicóptero e fuzileiros navais.
O acampamento de seis dias chefiado pela Capitão–Tenente Juliana Carvalho contribuiu para a manutenção da soberania nacional e para o desenvolvimento científico do País.

No período de 7 de março a 8 de abril, o Navio Faroleiro “Almirante Graça Aranha”, tendo no comando o Capitão de Fragata Marcelo de Abreu Souza e sua dedicada tripulação, realizou a expedição científica nas Ilhas de Trindade e Martin Vaz, para apoiar pesquisadores de universidades brasileiras. O navio é um laboratório nacional embarcado com capacidade de operar helicóptero, o que tornou possível a expedição.

As pesquisas nessas ilhas são raras devido à dificuldade de acesso ao local. O trabalho consiste em fazer a contagem das colônias de aves marinhas para entender quais espécies estão habitando nas Ilhas Martin Vaz. O pesquisador Bruno de Andrade Linhares, da Universidade Federal do Rio Grande, capturou, anilhou e soltou aves marinhas.
O pesquisador participa do programa de conservação de Trindade, “Recuperação do Ecossistema Terrestre da Ilha da Trindade” (RETER-Trindade), que visa evitar a extinção de espécies ameaçadas.
Segundo Bruno, “A expedição amplia o leque de pesquisa no Atlântico Sul. Agora, além da Ilha da Trindade, foi possível atuar na Ilha Martin Vaz. Aqui encontramos atobás-mascarados (Sula dactylatra), noivinhas (Xolmis velatus), viuvinhas (Colonia colonus), trinta-réis-das-rocas (Onychoprion fuscatus), petrel-de-trindade (Pterodroma arminjoniana) e fragatas-grandes (Fregata minor). Depois do anilhamento e medição, todas foram soltas para continuar vivendo no habitat delas”.

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