Jeffersson Xavier de Mello
O El Niño é um fenômeno atmosférico e oceânico que ocorre no oceano Pacífico Equatorial e na atmosfera adjacente. Ele faz parte de um fenômeno maior denominado de El Niño Oscilação Sul (ENOS). O ENOS refere-se às situações nas quais o oceano Pacífico Equatorial está mais aquecido ou resfriado do que a média normal histórica. O El Niño é justamente a fase quente dessa oscilação. Esse aquecimento é geralmente observado no mês de dezembro, próximo ao Natal, motivando assim o nome do fenômeno “El Niño”, em referência ao “Niño Jesus” (Menino Jesus). O nome foi dado por pescadores peruanos.
A Figura 1 traz um exemplo de ano onde o El Niño atuou (dezembro de 1997). O mapa mostra anomalia de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) para o período, sendo possível notar uma grande “língua” de águas mais quentes estendendo-se desde a costa oeste da América do Sul até o setor mais a oeste do oceano Pacífico Equatorial.
A variação na TSM do oceano Pacífico Equatorial acarreta, dentre outros, efeitos diversos na precipitação acumulada em diferentes partes do mundo. Além do aquecimento marítimo, ocorre também o enfraquecimento dos ventos. Com isso, começam a ser observadas mudanças da circulação em níveis baixos e altos da troposfera, que é a camada mais próxima a superfície terrestre da atmosfera. As mudanças também podem ser observadas nos padrões de transporte de umidade e, portanto, variações na distribuição das chuvas em regiões tropicais e de latitudes médias e altas. Em algumas regiões do globo também são observados aumento ou queda de temperatura.
Os impactos do El Niño no Brasil são bastante diversificados, pois o país possui dimensões continentais. Em algumas áreas poderão ser observadas uma redução da precipitação, como nas regiões Norte e Nordeste e em outras um aumento nos acumulados de chuva, como na região Sul. A Figura 2 mostra os principais efeitos ao redor do globo inclusive no Brasil.
A importância do monitoramento desse tipo de fenômeno é vista quando analisa-se o El Niño que ocorreu entre os anos de 1982 e 1983, sendo considerado o mais intenso, com um aquecimento de cerca 6°C da TSM do Oceano Pacífico. Seus efeitos foram catastróficos, com perdas econômicas estimadas em 8 bilhões de dólares. Apenas as enchentes e tempestades que atingiram os Estados Unidos somaram perdas de 2 bilhões de dólares. Enormes secas ocorreram na Indonésia, Austrália, Índia e sudeste da África. A Austrália experimentou diversos incêndios florestais, quebra nas safras agrícolas e a morte de milhões de ovelhas por falta de água. A pesca no Peru resultou em metade dos valores pescados no ano anterior.
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