A vela brasileira estreia em Tóquio 2020 na madrugada deste domingo (25). As primeiras classes a disputar os Jogos Olímpicos são RS:X com Patrícia Freitas e a Laser com o maior medalhista brasileiro em olimpíadas, Robert Scheidt. A equipe conta com 13 velejadores divididos em oito classes.
As provas serão disputadas até 5 de agosto e o Brasil conta também com atletas nas classes 470 (masculino e feminino), 49er (masculino e feminino), Finn e Nacra. Os velejadores chegaram há duas semanas ao local de disputas para aclimatação e teste de material. O treinador da equipe é Torben Grael.
O Brasil tem um grupo que mescla renovação, performance e experiência. Como reza a tradição, a vela sempre é esperança de bons resultados olímpicos. Desde Atlanta 1996, a modalidade consegue pelo menos um pódio olímpico. Só no Japão são quatro medalhistas competindo, incluindo as atuais campeãs Martine Grael e Kahena Kunze (49erFX).
No quadro geral histórico da vela, o Brasil é a 11ª potência mundial, com 7 ouros, 3 pratas e 8 bronzes, totalizando 18 medalhas olímpicas. Para Tóquio 2020, a equipe foi escolhida com base nos melhores velejadores de cada categoria.
”O grupo de 13 velejadores a caminho de Tóquio é muito forte e apresenta resultados expressivos em competições diversas, sendo Olimpíadas, mundiais, pan-americanos e campeonatos internacionais”.
”São verdadeiros campeões dentro e fora d’água, o que foi provado nesse período de pandemia, principalmente nas seletivas e treinamentos. Foi certamente um desafio chegar até aqui enfrentando as dificuldades da COVID-19, a dúvida sobre a realização dos Jogos e mais do que isso, a constante alteração de planejamento e logística de praticamente todos os segmentos que compõem uma administração de confederação”, disse Marco Aurélio de Sá Ribeiro, presidente da CBVela.
”O time brasileiro está muito focado e concentrado para esse evento. Apesar das condições climáticas, os velejadores estão prontos. Destaco a presença do Torben Grael como líder da equipe, mostrando sua experiência. O COB também está nos ajudando dando boas condições para a competição olímpica, tudo foi providenciado”.
No dia 27, começam as regatas de 49er, 49erFX e Finn. No dia 28 é a vez das duplas do 470 masculino e feminino, além da mista NACRA 17.
A previsão para os primeiros dias em Ensohima é de vento de média intensidade, com possibilidade de adiamento de regatas no meio da semana. Mas a raia olímpica pode apresentar surpresas, inclusive um tufão, como explica Walter Boddner, diretor de eventos da CBVela.
”Os regimes de ventos serão variados, como nos dois últimos anos, nos eventos-teste. Enoshima é um local de condições de vento e mar variados. Olhando a previsão, o primeiro dia será bom, com vento de terra, nordeste de força média para forte. Segunda e terça-feira serão ventos fortíssimos, talvez impossibilitando a realização de regatas. A partir de quarta-feira deve melhorar”.
Enoshima é uma pequena ilha costeira, com cerca de 4 km de circunferência, na foz do rio Katase que deságua na Baía de Sagami na província de Kanagawa, no Japão. Administrativamente, Enoshima faz parte da cidade continental de Fujisawa e está ligada à seção Katase dessa cidade por uma ponte de 389 metros de comprimento.
Na madrugada deste domingo (25), a partir de 2h30, o canal SPORTV 2 fará a transmissão da primeira regata da Laser com a estreia do Robert Scheidt. A TV Globo anunciou a entrada com comentários do multicampeão Lars Grael.
”Independente de quantas olimpíadas, sempre existe um frio na barriga e eu amo competir. Não podemos prever nada, mas me sinto bem preparado. Agora é executar e jogar o jogo”, destacou Robert Scheidt, dono de duas de ouro, duas de prata e uma de bronze na história dos Jogos.
”Eu chego muito feliz em competir. Estou empolgada para fazer minha sexta participação em Jogos e mais uma com a Ana. É uma vida dedicada à vela! Sigo determinada e com muita paixão e isso move o esporte”, contou Fernanda Oliveira, que fez história em Pequim 2008 ao lado de Isabel Swan levando a primeira medalha feminina em Olimpíadas.
Em busca da sexta medalha
Robert Scheidt é o maior medalhista olímpico do País com cinco pódios, sendo duas de ouro, duas de prata e uma de bronze. Com 48 anos e físico de atleta em início de carreira, o atleta paulista é um dos destaques do Brasil em Tóquio.
”Mesmo sendo a sétima Olimpíada, sempre dá um frio na barriga. E essa ansiedade é normal. Passa quando a disputa começa e acredito estar bem preparado e na briga por uma medalha. Acredito que minha experiência pode ajudar, principalmente por conta de ser um evento diferente no sentido que ninguém conseguiu treinar como antes, velejando na raia, por exemplo. Estou confiante de ter feito a melhor preparação possível. Agora é competir, jogar o jogo, que é o que a gente mais gosta”, disse Robert Scheidt.
Perfil olímpico de Robert Scheidt
Sempre entre as melhores
Uma das veteranas da delegação brasileira, Patrícia é referência na classe RS:X no país. Integrante da Equipe Brasileira de Vela desde 2007, a atleta conquistou a vaga para sua quarta participação olímpica após terminar em 15º lugar no campeonato mundial de 2019.
Ao final da Olimpíada de Londres, em 2012, a velejadora chegou a considerar a aposentadoria, pois o Windsurf não seria mais uma classe olímpica nos Jogos do Rio 2016.
Mas uma votação inesperada reverteu a decisão, e Patrícia partiu para mais uma campanha olímpica. O 8º lugar na capital fluminense a motivou para uma nova campanha em Tóquio.
Patrícia Freitas tem 31 anos e nasceu em Washington, nos EUA.
Perfil olímpico de Patrícia Freitas
Time brasileiro em Tóquio 2020
O Brasil está representado na vela com 13 atletas ao todo. O maior nome da equipe é Robert Scheidt, maior medalhista olímpico da história do País nos Jogos. A equipe conta também com as atuais campeãs olímpicas de 49erFx, Martine Grael e Kahena Kunze. Na versão masculina estão Marco Grael e Gabriel Borges.
Outra medalhista olímpica do time é Fernanda Oliveira, que mais uma vez terá como parceira na 470 a Ana Barbachan. A dupla masculina de 470 é formada por Henrique Haddad e Bruno Benthlem. Na RS:X, a atleta Patrícia Freitas está no time. No Finn, Jorge Zarif ficou com a vaga, assim como a dupla de NACRA Samuel Albrecht e Gabriela Nicolino.
Na Rio 2016, a equipe teve resultados expressivos como o ouro na 49erFX de Martine Grael e Kahena Kunze e dois quarto lugares com Jorge Zarif (FINN) e Robert Scheidt (Laser), que é o maior medalhista olímpico do País com cinco pódios ao lado ao lado do também velejador Torben Grael.
Torben Grael está em sua oitava edição olímpica, competindo seis vezes – com cinco medalhas – e agora duas como treinador e chefe de equipe.
Equipe Brasileira de Vela e seus clubes
470 Masculino: Henrique Haddad | Bruno Betlhem ICRJ / RJ
470 feminino: Fernanda Oliveira | Ana Barbachan | CDJ / RS
RS: X feminino: Patrícia Freitas | ICRJ / RJ
Finn: Jorge Zariff | ICRJ/ RJ
Nacra 17 Misto: Samuel Albrecht | Gabriela Nicolino | VDS – ICRJ / RS – RJ
Laser Standard: Robert Scheidt | YCSA / SP
49er FX: Martine Grael | Kahena Kunze | RYC – ICRJ / RJ
49er: Marco Grael | Gabriel Borges | RYC – ICRJ / RJ
Como acompanhar a vela em Tóquio?
As competições de vela nos Jogos Olímpicos possuem entre 10 e 12 regatas, variando conforme a classe em disputa. Os 10 melhores de cada classe disputam uma regata extra, a medal race, que oferece uma pontuação dobrada aos atletas.
Diferente de grande parte das modalidades olímpicas, a vela possui um sistema de pontuação invertido: o campeão é aquele que acumular menos pontos durante a competição. Quanto melhor colocado na regata, menos pontos um atleta ou uma equipe soma.
O vencedor será o velejador que, ao fim de todas as regatas, tiver acumulado menos pontos. Todos os competidores podem descartar o pior resultado na fase inicial das regatas. O percurso das regatas é definido pela organização, que forma uma linha imaginária com dois barcos para definir o ponto de largada e o de chegada.
Contornando as boias utilizadas para demarcar o percurso, os veleiros saem contra e voltam a favor do vento. As regatas podem ser adiadas e até mesmo canceladas pela falta de vento. Todas as embarcações de uma mesma classe devem ter dimensões idênticas. Dessa forma, o resultado é determinado exclusivamente pelo talento e estratégia dos velejadores.
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