A segunda-feira foi dia de folga de regatas na 48ª Semana de Vela de Ilhabela, mas a organização do evento promoveu a Regata do Amanhã com a presença de 35 crianças e adolescentes de quatro projetos sociais de Ilhabela (SP), São Sebastião (SP), Praia Grande (SP) e Paraty (RJ). O evento tem o apoio da Associação Brasileira de Veleiros de Oceano, a ABVO.
A garotada foi distribuída em onze veleiros na regata realizada pelo canal de São Sebastião e aproveitou para aprender principalmente a trabalhar em equipe, algo que a Vela de Oceano proporciona com barcos que chegam até doze tripulantes.
“É o primeiro contato deles com esse mundo oceânico, mas no geral é tudo para eles isso aí. Na nossa Escola de Vela temos apenas os monotipos, e eles poderem velejar nesses barcos grandes, iniciando é de extremamente importante. Eles acordaram cedo, ficaram ansiosos para poderem velejar,” revelou Samuel Solano, instrutor náutico da Escola de Vela de Ilhabela Lars Grael desde 2011. Ele que trouxe 19 crianças para a experiência: “Vela em si traz muitos benefícios, parte de sociabilidade, estar em um veleiro grande, você tem que saber trabalhar em equipe , tem toda uma hierarquia a seguir, tem um comandante que passa todos os conhecimentos, é importante a vela oceânica”.
A Escola, que hoje tem 150 crianças e adolescentes, não só desenvolve cidadão, mas prepara os destaques para a competição, caso de Alex Kuhl, o Alemão, que conquistou no começo do mês o título Mundial da classe de iniciação no esporte, a Optmist, realizada na Itália, feito inédito para o esporte no Brasil: “A Prefeitura de Ilhabela leva muito à sério a parte de competição também, tanto é que Alex está desde os 10 anos na Escola e hoje está na flotilha”, disse: “Alex virou uma referência para os demais meninos , ele é fruto desse trabalho social e investimento da Prefeitura”.
Outro projeto participante foi a Escola de Vela de São Sebastião que nasceu há mais de vinte e cinco anos: “Alguns alunos já tiveram oportunidade de fazerem trabalhos em um veleiro em atividades complementares. Essa experiência na Regata do Amanhã foi extremamente importante pelo aspecto coletivo de entender a dinâmica de equipe com um de auxílio ao outro e questão de saberem lidar com diferença de comportamento, não tem um igual ao outro e aí eles vão saber lidar com a diferença de opiniões e isso agrega muito, principalmente em uma fase da vida onde eles começam a entender a diferença de opiniões. Foi muito bacana;” relatou Rafael Mendes.
Alex Sandro, Piu Piu, timoneiro do barco Bravo, deixou sua função para duas meninas dos projetos Navega São Paulo, de Praia Grande, e ddo projeto de Ilhabela: “Foi uma honra ter a molecada no barco Bravo, essa interação é muito importante para o desenvolvimento da Vela nacional e movimentar os barcos trazendo os garotos de projetos sociais e de clubes, de outras classes de monotipos. Isso agrega bastante o desenvolvimento da Vela”.
“As meninas que foram à bordo foram as timoneiras , fiquei só no comando, orientando, mas quem mandou hoje foram as mulheres. Elas se saíram muito bem, dominaram…acho que perdi minha função de timoneiro (risos). Dá um senso de coletividade, elas chegaram à conclusão que todas as manobras era preciso informar e que o trabalho em equipe é de extrema importância no desenvolvimento mental e da vela da garotada”.
Alex passou por todo o processo que esses meninos e meninas estão iniciando. Ele é oriundo do projeto Grael, em Niterói (RJ), e além de fazer parte do Bravo, tem sua empresa de turismo náutico e hoje vive do esporte. Pela experiência de vida, ele dá um conselho para a criançada: “Manter o foco, não perca o objetivo. É difícil se manter na vela ainda mais vindo de projeto social , mas isso está mudando aos poucos e dou muita força para isso. Jorge (Berdasco, comandante) sempre disponibiliza o barco para eu correr com a molecada do Projeto Grael e outros projetos e esse desenvolvimento é muito importante para termos também mais barcos na raia e também viver da vela”.
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