Por Gabriel Pierin
Carlos Roberto de Alencastro Guimarães, mais conhecido como Lobinho, nasceu em 23 de julho de 1954. Quando pequeno, Lobinho morava no final da rua Oswaldo Cruz, próximo da Afonso Pena. Por volta do ano 1964, ocasião da sua admissão para o Ginásio, a família mudou-se para o Boqueirão, próximo à praia, no Canal 3.
Ao lado do prédio, tinha um sapateiro e os dois filhos dele, Miguel e Junior, tornaram-se amigos do novo morador da rua. Lobinho logo se encantou pelo projeto do irmão mais velho, o Miguel. Ele estava preparando uma prancha de madeirite, dando forma e curvando o bico. Depois de pronta todos foram para a praia. Lobinho ajudou a carregar
a nova prancha e o experimento foi o impulso para o começo da sua jornada pelo mar. Foi ali, na rua Pindorama, segundo Lobinho “o berço da cultura do surfe santista”, do Big Kahuna Surf Club e seus precursores, Pardal, Miguel, Nando, Frigério e Allan, o espaço onde ele frequentou a praia e viveu o final dos anos 1960.
Lobinho teve uma prancha “caixa de fósforo”, conhecida como “Tonelada”, tamanho o peso do equipamento, porém o salto se deu num longboard Carpo de fibra, numa época em que a prática do surfe estava restrita, devido aos acidentes e a intransigência das autoridades. O momento marcante foi quando a Força Pública passava recolhendo os
pranchões, entre eles o Carpo de Lobinho, protagonista de um incidente histórico. A ordem era apreendê-las nos Postos de Salvamento ou no Castelinho, sede do Corpo de Bombeiros, e liberá-las mediante a presença dos pais. Para ele, a proibição não impediu a onda revolucionária do surfe, do uso dos cabelos compridos e descoloridos, das
bermudas e da praia como centro irradiador dessa nova cultura.
A partir daí começaram a chegar as pranchas gringas e a transição das pranchas grandes para as Mini Models aconteceu muito rápido. Lobinho acompanhou os primeiros campeonatos paulistas no Guarujá e, ainda em 1968, o Campeonato Aberto do Ilha Porchat, quando conheceu os cariocas Rico e Mudinho.
Lobinho, junto a outros surfistas, organizou o Primeiro Campeonato Santista, em 1970, um marco no surfe de Santos. As inscrições foram feitas na Prodesan, que emitiu uma carteirinha aos participantes, uma clara forma de controle sobre uma atividade ainda preocupante para o poder público.
Foi de um convite do Rico, que veio correr o Torneio de Surf Nelson Exel, no Guarujá, e que havia acabado de conquistar o Campeonato Brasileiro em Ubatuba, que rolou uma surftrip até Guaratiba, no Rio. Era o ano de 1972 e o pico era um deserto. Nessa trip, Lobinho caiu num mar gigante no Píer de Ipanema. A água invadia o calçadão e os
surfistas sobreviveram a essa experiência inesquecível.
Em 1974 mudou-se para o Guarujá, onde promoveu o Campeonato Estadual de 1975 e 1976.
Lá tornou-se diretor esportivo da Associação de Surf do Litoral Paulista (depois Associação Guarujaense de Surf, de quem recebeu o título de co-fundador ao lado de Thyola, Paulinho do Tendas, Pardal, Preto, entre outros).
Lobinho colaborou com a coluna “O Surf e as Ondas” publicada no Jornal A Tribuna pelo Murilo Ferreira, um dos pioneiros na divulgação do surfe na região. Ele também escreveu no Jornal Cidade de Santos uma coluna semanal contando a origem e a evolução do surfe. O surfista formou-se em Geografia, especializou-se em Análise Ambiental, foi professor no Ateneu Santista e da sua vocação para o ensino, envolveu suas habilidades no surfe para desenvolver uma atividade inédita com os alunos hiperativos. Estava formado o projeto “De Bem com a Vida”. Em 2010 Lobinho deu um novo passo na área da educação e criou a Escola de Surf Lobo do Mar.
Lobinho continua contribuindo para o grande legado do surfe em nossa região. Afinal é para o surfe que o atual presidente da Associação Santista de Longboarder vive e inspira muita gente.
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