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Juca Almeida e Marcelo Motta: Escoteiros do Mar no Rio de Janeiro apoiam retomada do projeto Barco Escola.

Barco Flor de Lis do Grupo Escoteiro 116 do Rio de Janeiro

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Escoteiros do Rio de Janeiro apoiam o Rumar – Instituto Rumar no projeto da construção dos barcos escola de 6 metros (20 pés), modelo Sea Scout, visando fomentar e dinamizar a renovação da vela e a Mentalidade Marítima no Brasil.

O projeto busca recursos para voltar a produzir o barco que teve seis exemplares construídos no fim da década de 80 e início dos anos 90. Três desses desses barcos construídos ficaram no Rio de Janeiro, um deles faz parte do Grupo 116 de Escoteiros do Mar, o Flor de Lis, que tem atualmente como base de apoio náutico, o Clube de Regatas Boqueirão do Passeio na região da Marina da Glória.

José de Almeida Filho o Juca, Presidente do Grupo 116, entrou para o escotismo na década de 60 com dez anos de idade e, conta como será importante a construção de novos barcos para o projeto.

“O barco escola é muito bom. Será ótimo para nós, ter mais um ou dois desses barcos no Grupo. Vão somar ao nosso Flor de Lis” e, explica Juca:

“Interessa muito ao nosso Grupo de Escoteiros do Mar. Um dos problemas que temos é a falta de embarcação. Nem todos os grupos têm barcos e o que acontece: para a prática da náutica, começamos a utilizar barcos inapropriados para o movimento escoteiro e, seu processo pedagógico. Trabalhamos em equipes que formam Seções divididas por faixas etárias que chamamos de patrulhas, com seis integrantes. Existem também divisões que trabalham com patrulhas de oito. Cada patrulha tem um monitor e um sub-monitor, com crianças na mesma faixa etária” afirma.

“Como não temos barcos suficientes, o que se faz, é pegar caiaques para uma ou duas pessoas. Como vamos desenvolver o espírito de equipe ali? Você tem dois que vão pro mar e o restante fica em terra aguardando a sua vez. Conseguimos dar uma iniciação náutica, deixando porém de aplicar o programa escoteiro”.

O barco Flor de Lis está com o Grupo 116 desde a década retrasada quando, no período de maio de 2011 até o início das Olimpíadas, foi utilizado para iniciação náutica numa parceria com o Iate Clube do Rio de Janeiro e o RUMAR-Instituto Rumo ao Mar que, coordenou uma ampla reforma no barco. Com o término da vigência do Termo de Cooperação e a utilização das instalações do ICRJ para a Olimpíada, o barco precisou ser transferido para o Clube de Regatas Boqueirão do Passeio onde o grupo segue ativo apenas com aulas online por conta da pandemia e, aguardando o término das obras no Clube do Boqueirão, para seguir com a prática embarcado.

Barco Flor de Lis do Grupo Escoteiro 116 do Rio de Janeiro

Escotismo , um projeto social e com muitos ensinamentos

Marcelo Mota, Diretor Técnico do 123º Grupo de Escoteiros do Mar Almirante Saldanha e Vice-Presidente do CCME – Centro Cultural do Movimento escoteiro, conheceu o Escotismo com oito anos de idade, por influência de um tio que foi escoteiro na década de 50. Ele entrou em 1974 e nunca mais saiu. Marcelo segue Juca e destaca a importância dos barcos escola na formação da Mentalidade Marítima para crianças e jovens e, apoia o projeto do Rumar na construção do novo modelo: “Velejei várias vezes nestes barcos. É fundamental para os ensinamentos das técnicas e tradições marinheiras,” destaca.

Escotismo e sua importância na formação de crianças e jovens

Marcelo lembra o quão importante foi ter entrado no escotismo, onde fez de tudo um pouco.

“Por coincidência estava com minha família, fazendo um piquenique na floresta da Tijuca e passou uma tropa de escoteiros do mar caminhando em direção ao Pico da Tijuca. Logo, pedi a meu pai que fosse pegar informações com o Chefe da Tropa. Meu ingresso foi em de Abril de 1974, com oito anos, me tornando lobinho na Alcateia do 123º, Grupo de Escoteiros do Mar Almirante Saldanha, localizado no Clube Naval Piraquê. Estou registrado lá até hoje, completando 47 anos de escotismo. No escotismo fui: lobinho, escoteiro, sênior, pioneiro, Instrutor de tropa escoteira, Assistente de Chefe de Tropa Escoteira, Chefe de Tropa Escoteira, Instrutor de Tropa Sênior, Assistente de Chefe de Tropa Sênior, Chefe de Tropa Sênior, Mestre Pioneiro, Diretor Técnico Diretor e Náutico do 123º Grupo Escoteiro Alte. Saldanha, Diretor Financeiro do 1º Distrito Escoteiro, Coordenador Regional dos Escoteiros do Mar, Vice-Presidente do Centro Cultural do Movimento Escoteiro.”

Ele destaca a importância de ser escoteiro: “Meu tio tinha razão. O movimento escoteiro é inclusivo e seu principal objeto é educacional, orientando jovens a serem participativos em suas comunidades com proatividade de forma positiva, melhorando relacionamentos sociais, ambientais e o bem estar local, consequentemente contribuindo para um mundo melhor.”

Juca acrescenta, comparando o escotismo a um projeto social informal: “O escotismo é o maior programa social educacional não-formal do mundo. Ele tem uma particularidade, que nenhum outro programa social tem: é alicerçado nos princípios morais. Nas escolas, ensina-se às crianças os conhecimentos, artes, esportes, profissões técnicas, etc. Mas, não ensinam a amar os outros, o seu próximo, serem solidários, fraternos, amantes da paz, ver no outro um irmão mesmo com suas diferenças. Somos mais de 40 milhões no mundo e, nesses pouco mais de 100 anos de escotismo, já passaram pelo movimento mais de 500 milhões de jovens”, conclui.

Barco Flor de Lis do Grupo Escoteiro 116 do Rio de Janeiro

Alguns dados sobre o Movimento Escoteiro:

Constitui-se num Programa de educação não formal, sem fins lucrativos, sem vínculos políticos partidários ou religiosos;

Tem como principal objetivo, proporcionar aos jovens o desenvolvimento de suas potencialidades físicas, intelectuais, morais e espirituais.

Mundialmente conceituada, a pratica escoteira se preocupa fundamentalmente, com a formação permanente dos jovens, complementando o esforço da família, da escola e de outras instituições;

O método já existe, testado e aprovado há mais de cem anos.

Existente em 223 países e territórios, com 54 milhões de jovens no mundo. No Brasil são 112 mil e no Rio de Janeiro, 8 mil;

É o maior movimento de juventude do mundo, a maior ONG educacional em número de participantes e em países representantes do mundo.

Propósito do Escotismo:

O propósito do Movimento Escoteiro é contribuir para que os jovens assumam seu próprio desenvolvimento, especialmente do caráter, ajudando-os a realizar suas plenas potencialidades físicas, intelectuais, sociais, afetivas e espirituais, como cidadãos responsáveis, participantes e úteis em suas comunidades, conforme definido pelo seu Projeto Educativo.

Princípios do Escotismo:

Os princípios do Escotismo são definidos na sua Promessa e Lei Escoteira, base moral que se ajusta aos progressivos graus de maturidade do indivíduo. São eles:

a) – Deveres para com Deus – adesão a princípios espirituais e vivência ou busca da religião que os expresse, respeitando as demais;

b) – Deveres para com o próximo – lealdade ao nosso País, em harmonia com a promoção da paz, compreensão e cooperação local, nacional e internacional, exercitadas pela Fraternidade Escoteira.

c) – Participação no desenvolvimento da sociedade com reconhecimento e respeito à dignidade do ser humano e ao equilíbrio do meio ambiente;

d) – Deveres para consigo mesmo – responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento.

NASA e o Escotismo

A NASA e o Escotismo tem uma longa história em comum. Mais de dois terços de todos os astronautas atuais e do passado, estiveram de alguma forma envolvidos no movimento escoteiro. Dos 312 pilotos e cientistas selecionados para serem astronautas desde 1959, pelo menos 207 foram identificados como tendo sido escoteiros ou como ainda ativos no movimento.

Dos 24 homens que que viajaram para a lua na Apollo 8 e Apollo 10, através de 17 missões, 20 foram escoteiros, incluindo 11 dos 12 que andaram na lua e todos os três membros da Apllo 13.


Lançamento Apollo 8 crédito. Crédito NASA.

O ex-astronauta e atual Administrador da NASA, Charles F. Bolden Jr. que também foi escoteiro, reconhece em primeira mão, a quantidade de trabalho e dedicação necessária para atingir este patamar de realização. Ele acredita que a experiência como escoteiro proporciona os fundamentos para uma vida futura de amor ao desconhecido. Ele se sente orgulhoso de que muitos cientistas, engenheiros e astronautas da NASA, começaram suas jornadas de descobrimentos e desbravamento, em suas vivências como escoteiros.


Fotografia da Terra nascendo do horizonte lunar. Tirada pelo tripulante Bill Anders da Apollo 8 em 24 Dezembro de 1968. Crédito NASA.

Veja mais em: < http://www.nasa.gov/about/contact/index.html>