ESPORTE Vela

Com mais de 30 regatas, velejador de Santos faz parte da história da lendária Santos-Rio

Crédito: Aline Bassi/Balaio de Ideias

Aos 86 anos, porém, esbanjando juventude quando o assunto é velejar, o advogado santista Jonas Penteado conquistou o terceiro lugar na Regata dos Arvoredos com o Asbar IV, na Classe ORC no último sábado (12/10), demonstrando plenas formas física e tática. Até poderia largar para a 74ª Santos-Rio em 25 de outubro ao meio-dia, mas acredita que as experiências vivenciadas em 33 edições já são mais do que suficientes, mas participará da festa do Desfile dos Barcos às 10h no Deck do Pescador na Ponta da Praia.    

Jonas revela uma das chaves do sucesso para se desbravar o Atlântico Sul com êxito até o Rio de Janeiro. “O mais importante é manter a motivação durante todo o percurso. Não adianta dar tudo o que tem apenas no primeiro dia, depois da largada, e à noite, a maioria da tripulação dormir. O desafio é sempre intenso e tem de ser encarado de frente, com disposição o tempo todo. Seja no vento fraco, que torna a regata mais desgastante, ou no vento forte, que exige muito fisicamente”. 

O vice-comodoro recorda-se de dois momentos gloriosos entre as mais de 30 travessias da emblemática Santos-Rio. “Em 1962, fomos o Fita Azul e vencemos com o veleiro do meu pai, o Turuna, Classe Brasil, e em 1972, fizemos novamente a Fita Azul (primeiro barco a cruzar a linha de chegada) com o Wa Wa Too (lendário barco construído nos Estados Unidos, que na década de 1970 venceu também a Buenos Aires-Rio e disputou duas Admirals Cup), correndo daqui (Santos) até lá (Rio) com forte sudoeste, de balão o tempo todo, sob comando de Fernando Nabuco e quebrando o recorde em pouco mais de 20 horas”, enaltece Jonas. 

O experiente velejador, esteve a bordo com grandes nomes da vela brasileira. “Corri com Eduardo Souza Ramos, Ernesto Breda, e minha função era de navegador, em uma época em que não havia GPS. Era necessário fazer a navegação por rádio goniômetro, estimando-se as linhas de profundidade. O segredo de uma tripulação eficiente, é ser homogênea. Não adianta ter apenas um figurão para fazer tudo. Todos têm de entender pelo menos um pouco”, recomenda Jonas com sua característica humildade. 

Exemplo de dedicação à vela brasileira e ao Iate Clube de Santos, Jonas participou de duas Admiral’s Cup, em 1971 e 1973, uma Bermuda Race em 1972 e ainda foi navegador do Kameha Meha na Regata Cape Town–Rio em 1973. O velejador lembrou que na travessia entre Cidade do Cabo e Rio de Janeiro, sem os satélites atuais, a navegação das embarcações era exclusivamente astronômica. A iniciação na vela foi aos sete anos, na Classe Snipe. Seu pai comprou o primeiro barco de oceano na década de 1950, quando o Iate Clube de Santos era apenas um esboço.  

Iate Clube de Santos – Há 77 anos, final da década de 1940, surgia o Guarujá Yacht Club, criado na noite chuvosa de 04 de junho em uma reunião de amigos apaixonados pelo mar, que necessitavam de águas tranquilas para ancorarem suas embarcações com segurança. Na década de 1960, a diretoria decidiu alterar o nome da instituição para Iate Clube de Santos com o objetivo de tornar o clube mais conhecido, afinal, Santos era uma cidade conhecida internacionalmente e de grande relevância graças ao maior porto da América Latina. 

Com o passar dos anos, o clube foi crescendo em número de associados e em patrimônio. Assim, sua primeira casa, a sede Guarujá, foi construída com madeira de contêineres usados no mercado automobilístico. Hoje, 77 anos depois, possui uma das melhores infraestruturas de lazer e serviços náuticos do litoral paulista, distribuídos em uma área de 105 mil metros quadrados.  

Inscrições para a Santos-Rio – Podem ser feitas nas classes ORC, BRA-RGS,RGS Cruiser, RGS Clássicos e Mini 6.5 pelos e-mails: nautica@icsantos.com.br e vela@icrj.com.br até às 10h30 de 25/10. A Santos-Rio tem os apoios da CBVela e da ABVO – Associação Brasileira de Veleiros de Oceano. A Regata Volta à Ilha dos Arvoredos, uma prévia da Santos-Rio, teve o King Autostar como vencedor na ORC, à frente de Xamã e Asbar IV. O Fantasma venceu na BRA-RGS, enquanto o Asteriscus ganhou na RGS Clássicos e o Andiamo, na RGS Cruiser.