- A saída da base de Pataxó, na praia do Parracho, em Arraial D´Ajuda, no sul da Bahia, está prevista para o dia 25 ou 26 deste mês de dezembro;
- Ranin Thomé e Bárbara Guimarães chegarão na Bahia nesta terça-feira – dia 22/12/20 e, destacam projetos sociais no Espírito Santo e em Arraial D´Ajuda;
- Uma canoa havaiana está sendo adaptada para propulsão a vela.
A expedição será uma das maiores do Brasil, cerca de 650 milhas náuticas navegadas até a praia de Jurujuba em Niterói (RJ), na base do Centro de Estudos do Mar – CEM. O trajeto é inédito, percorrendo o litoral sul da Bahia, todo o litoral do Espírito Santo, litoral norte fluminense e Região dos Lagos no Rio de Janeiro com, previsão de chegada entre os dias 10 e 20 de janeiro de 2021. Os dias serão de velejadas e remadas (quando necessário), perfazendo distâncias de 30 até 40 milhas náuticas. Passaremos dias inteiros no mar sem o auxílio de equipamentos eletrônicos, apenas bússola e carta náutica.
A expedição será feita com auxílio de uma canoa havaiana V6 adaptada para vela com dois mastros, explica Cauê Sekiguchi, que está concluindo os trabalhos de adaptação na base de Arraial D´Ajuda, onde a deixará pronta no dia 20: “Tem sido um grande desafio adaptar essa canoa, por conta do curto prazo. Ela terá dois mastros, o que demanda algumas estruturas de reforços adicionais e talvez, estaiamento. Ela terá uma área vélica significativa. Precisamos nos preocupar com o volume da ama (casco habitável). Existem velejadores à bordo, mas será uma canoa adaptada para vela; adaptações que temos know-how”, disse Cauê que tem base em Arraial D´Ajuda há três anos e, começou no esporte junto com Ranin. Ele se especializou em construção de canoas havaianas e polinésias. Hoje possui quatro em sua base, para seis e quatro pessoas.
Um dos líderes da 4ª edição da Expedição Anamauê é o capixaba Ranin Thomé, natural de Regência (ES), multicampeão estadual de competições no esporte, foi quem idealizou o desafio com o niteroiense Douglas Moura. Ranin é oceanógrafo e, conheceu a Canoa Havaiana durante o período de faculdade. Hoje tem 10 anos de experiência no esporte. Ao longo deste período, montou o primeiro clube que vem se multiplicando pelo litoral. Hoje conta com bases em todo o litoral capixaba. Ranin coordena a base de Arraial D´Ajuda e de Porto Seguro com Cauê e, ainda tem filiais no litoral paranaense e em Brasília (DF).
“Estamos encarando com muito respeito a expedição pois, sabemos que o mar não é injusto, mas não tolera erros. É um desafio, pois nunca alguém fez uma adaptação como esta, numa canoa V6 tahitiano e o percurso é inédito. Trata-se de um novo desafio. Não nos consideramos aventureiros pois, aventureiros são pessoas que fazem sem planejamento. Estamos muito confiantes. A equipe trabalha há mais de 10 anos com canoa e, tem muita experiência em travessias, além de termos vários parceiros nas bases, ao longo do caminho. A comunidade da canoa é muito parceira, se abraçam”, aponta Ranin que vê as maiores dificuldades nas chegadas e saídas de cada parada. “Precisamos embarcar e desembarcar em praias com ondulações, foz de Rio; parar para dormir todos os dias. O maior perigo é a zona de arrebentação: chegar e sair das praias”.
Bárbara Guimarães também oceanógrafa, é instrutora de canoa havaiana há cinco anos, esporte que conheceu em um trote ecológico na época da universidade. Ela é professora da base CPP Extreme em Vitória (ES) dando aulas no período da noite. Já realizou diversas expedições de norte a sul do Espírito Santo, desde Regência até Marataízes, além de ter participado das competições “Volta de Santo Amaro” (SP) e da Volta de Ilhabela (SP), em revezamento com 12 mulheres, em canoa de seis lugares. A preparação vem sendo forte: “Os treinos são praticamente diários. Estou remando 15km/dia, somando as três turmas que têm no clube. No final de semana faço uma remada de 20km sem parar em canoa individual (V1). Além disso, faço Yoga e funcional regularmente. Minha alimentação durante a quarentena tem sido vegetariana e também faço jejum intermitente. Tudo isso está associado a melhora da resistência física para essa expedição”, destacou Bárbara que vem notando um aumento gradativo no número de mulheres no esporte. Outra mulher a participar da expedição além de Bárbara, será a capixaba Dayana Gualberto, de Regência (ES). “O esporte vem ganhando popularidade com, quantidade praticamente igual de homens e mulheres nas escolas. A vibração que vem dos alunos nas aulas e nos campeonatos estimula, faz com que as mulheres queiram fazer parte da canoa havaiana, isso é muito positivo”.
A 4ª edição da Expedição Anamauê tem ainda três membros do estado do Rio de Janeiro. Douglas Moura, de Niterói (RJ), que realizou diversas expedições, entre elas Niterói (RJ) até Santos (SP) com onze dias no mar, além de ter disputado competições internacionais; o velejador niteroiense Talvo Calfat e, o carioca Daniel Gnone (RJ).
Projetos sociais pelo Espírito Santo e sul da Bahia
A CPP Extreme tem o foco não só em aulas de canoa havaiana, mas também no objetivo social. Em dez anos de projeto, milhares de crianças, adolescentes e adultos com vulnerabilidade social, deficiência visual e cadeirantes participaram dos projetos sociais espalhados pelas bases. No momento, por conta da pandemia da COVID-19, são cerca de 200 alunos ativos, 50 somente em Regência (ES).
“A ideia sempre foi trabalhar com projetos sociais em comunidades de vulnerabilidade social e a partir disso, organizar escolinhas para manter esse sonho vivo. Nos conhecemos na faculdade para montar esse clube e sempre competimos, mas nosso foco principal sempre foram os projetos sociais e realizar travessias. Ao longo desse processo, por nós lutarmos por uma deselitização do esporte, passamos a trabalhar com pessoas de favela, comunidades, cadeirantes, deficientes visuais. E por isso, começamos também a fabricar as próprias canoas. Damos aula nas escolinhas, fabricamos as canoas e trabalhamos em projetos sociais.”
Há um ano, Cauê montou o projeto social Filhos do Céu em Arraial D´Ajuda, o qual vem utilizando canoas comum de aula. Iniciamos uma vaquinha virtual para custear uma canoa nova, específica para o projeto social que, busca se estender por mais 10 anos. As doações podem ser feitas pelo link bit.ly/afc-doe-qualquer-valor .
Referência/Crédito:
1- http://bombeiroswaldo.blogspot.com/2013/10/bussola-como-usar-uma-bussola-navegacao.html
Mais informações com Fabrizio Gallas pelo +55 21 994004061, ou <fabrizio@gallaspress.com.br>
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