Depois do período de chuvas no sábado, o domingo teve tempo mais firme com a definição dos campeões Brasileiros de Sprint na praia de São Francisco, em Niterói (RJ), berço da canoa havaiana no país, definindo os classificados para o Campeonato Mundial que será realizado em agosto, em Londres, na Inglaterra.
Em evento em parceria com a Secretaria de Esportes e Lazer da Prefeitura Municipal, dois personagens foram destaques. Baiano de Santo Estêvão e radicado no Rio de Janeiro há 18 anos, Reginaldo Birkbeck, da equipe Rio Va´A, do bairro da Urca, no Rio de Janeiro, conquistou sua vaga para o Mundial com o título da categoria Open V1 (Individual) nos 500m. Foi seu terceiro título nacional na categoria: “Conheci a canoa através do projeto social Canoa Rio , projeto de base do clube. Canoagem me foi apresentada na época que estudava em escola pública na Urca (Minas Gerais) , me interessei e fui fazer algumas aulas e passei a me destacar, passei pela equipe juvenil , fui para a principal e daí crescendo. O Va´A é um divisor de águas na minha vida, esse contato com o esporte me ajudou muito. Não é apenas a questão do esporte, mas preza muito a união e pudemos ver isso aqui no campeonato. Consigo ter meu sustento no Va´A, sou instrutor no Rio Va´A e particular na canoa individual”, conta Reginaldo que participará de seu terceiro mundial após disputar em Calgary, no Canadá, e Sunshine Coast, na Austrália, e agora vai buscar apoio financeiro para custear suas despesas em Londres: “Consigo colocar dinheiro em casa pra minha vida, mas para participar de campeonatos ainda não. Tenho apoiadores, vários, o pessoal se junta quando tenho provas para contribuir. Para o Mundial não tenho nada definido, mas espero que o pessoal possa me ajudar para chegar lá. Minha missão é levar o Va´A em forma de qualidade ao mundial , quero dar meu melhor e ter esse prazer de estar competindo. Estou muito feliz pela vaga”, disse Reginaldo que competirá também nas categorias por equipes da OC6 (seis atletas) nos 500m e 1.500m, estas duas pelo time de Cabo Frio (RJ), He´e Nalu Team Mirage.
Outro destaque é o do também baiano e radicado em Ilhabela (SP) há 20 anos, Paulo dos Reis, conhecido como Paulão, terceiro colocado no último Mundial na Austrália e classificado para quatro provas para Londres. O multicampeão brasileiro comemorou as vagas e quer fazer bonito em agosto nas categorias Masters 500m OC6, 1.000m na OC6, Open 500m OC6 e 1.500m OC6 : “Campeonato estava com nível muito alto , com muitas provas com o He´e Nalu Team Mirage. Foi muito gratificante estar no evento , ver a galera evoluindo no cenário brasileiro, como foi uma seletiva para o mundial deu pra ver que a galera treinou bastante , se dedicou com o objetivo de representar o Brasil”, disse: “Fiz alguns mundiais, o primeiro foi aqui na Lagoa no Rio em 2014, Sprint, ficamos em segundo nos 500m e segundo na prova de V12, em 2019 na Austrália fiquei em terceiro na longa distância no Master. No Mundial do Tahiti fiquei em quinto lugar , fiquei bem feliz com os resultados que já consegui e com o que fiz aqui nesse Brasileiro”.
Um dos fatores que pode dar mais oportunidades aos brasileiros por medalhas em Londres é a não ida da equipe do Tahiti, um dos polos de canoa no mundo, por conta de restrições da pandemia no local: “Sabemos que o Tahiti e o Havaí são as mães do Va´A no planeta e o Tahiti é a maior potência mundial e não ter eles no evento é uma perda muito grande, o nível cai bastante nas provas, mas sempre vamos para aprender com as outras Ilhas da polinésia , atletas muito bons. Vamos aprender com eles e se Deus quiser trazer medalhas”.
A canoa havaiana tem cerca de 15 mil praticantes em todo o país, 35 clubes somente em Niterói e cerca de 1.500 atletas estão ativos como competidores na Confederação Brasileira de Va´A com bases abrindo não só pelo Sudeste, mas também no Nordeste como na Bahia, Rio Grande do Norte, nos três estados do Sul e até no Norte, no estado do Pará. Presidente da CBVa´A, Daniel Bueno descreveu a importância do Brasileiro Sprint na cidade para o crescimento do esporte e as chances brasileiras no mundial: “Ter esse tipo de prova é importante para o crescimento do esporte. O evento é mais estruturado e complicado de fazer em uma praça bem movimentada. Niterói é o centro do esporte no país e conseguimos trazer pra cá. Apesar da dificuldade com o vento, tudo funcionou muito bem. Estamos colocando os atletas nessa cultura de Sprint. Aqui é muito mais comum as provas de maratona, distâncias longas”, apontou: “O Brasil ainda é bem novo no esporte, mas já tivemos alguns resultados no Para Va´A e no Va ́A com o o Paulão. Alguns outros atletas têm condições de irem bem e talvez beliscar alguma medalha. Os atletas de fora são muito fortes, o Tahiti, Nova Zelândia, Havaí , mas é isso, estamos lutando. Não seria positivo falar, mas por conta da pandemia o Tahiti pode não ir ao Mundial, mas a Federação Internacional está buscando reverter isso, mas é uma situação que pode acontecer e os atletas vão deixar de ter essa referência da prova . Todo mundo quer ganhar do melhor, não é só sair com a medalha sabendo que faltou alguém. De qualquer forma precisamos de campeonatos como esse aqui em Niterói para levar uma delegação grande e bem preparada”.
Robert Voss, subsecretário de Esportes e Lazer de Niterói, marcou presença no evento e destacou: “A gente que vive do esporte sabe que por ser um campeonato qualificatório para o Mundial limita , não é todo praticante de canoa pode participar desse evento , o atleta precisa ter nível, preparo, diferente de outras atividades que estamos fazendo , mas o evento é um sucesso. O Tiago Martins é um organizador acima da média para realizar eventos e a Secretaria está muito feliz que isso aconteça em Niterói e não vamos parar. Temos vários eventos de canoa confirmados, temos o Aloha Spirit que é um dos maiores eventos e inclui a canoa e é um sucesso”.
Ao todo foram 400 atletas de equipes de quatro estados (Rio de Janeiro, Distrito Federal, Espírito Santo e São Paulo) que se garantiram em provas dos 250m, 500m, 1.000m e 1.500m desde o juvenil passando por categorias de idades, paratletas e a principal que é a Open nas provas de OC6 (seis atletas) e V1 (individual).
O campeonato teve o apoio da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer de Niterói, chancelado pela Federação Estadual de Canoa Havaiana do Estado do Rio de Janeiro (FCHERJ) e pela Confederação Brasileira de Va´a (CBVaa).
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