ESPORTE Surf

Piuí e a equipe campeã

Por Gabriel Pierin

Nascido em Belo Horizonte, em 7 de janeiro de 1949, José Carlos Brant Correia conheceu a praia do Posto 6, aos sete anos de idade, quando visitava o tio, Hildebrando Biságlia, Ministro do TST e morador da rua Rainha Elizabeth, em Copacabana. A família acabou por mudar-se para o Rio de Janeiro e foi morando mais próximo ao Arpoador que ele fez grandes amigos, entre eles o Rafael Gonzalez, filho de uma família conhecida, ligada ao golfe.

O apelido Piuí foi dado ao mineirinho por um amigo, mas pegou mesmo entre a galera da praia que associava o apelido com a classe iniciante de surfistas, a PeeWee. Nas suas primeiras ondas, Piuí surfou com tábuas improvisadas, até que conheceu as pranchas de madeirite fabricadas na Ilha do Governador, por meio do Badué, um mergulhador do Arpoador. Ao lado dos surfistas e mergulhadores, ele viveu as transformações na antiga capital brasileira.

Em 1964 quando estourou o golpe civil-militar, Piuí estava pegando onda com os amigos no Posto 6, perto do Forte de Copacabana. Eles presenciaram a movimentação dos tanques e caminhões com soldados. Assustados, os surfistas se esconderam debaixo de algumas canoas de pescadores. Na volta pra casa, as ruas estavam desertas, não se via ou ouvia mais ninguém, parecia uma cidade fantasma.

Nesse mesmo ano ocorreu uma revolução no surfe carioca. O primeiro contato com uma prancha de fibra veio através de uma Barland Roth Surfboards que Martin, um comandante francês, trouxe de uma das suas viagens para o Rio. Porém foi com uma Bing Surfboards de Russell Coffin, que Peter Troy, um australiano que visitava o Brasil, causou um alvoroço quando surfou com essa prancha no Arpoador.

Foi também de um surfista estrangeiro que Piuí comprou sua primeira prancha, uma Hobie. Ele estava entre os americanos que vinham estudar na Escola Americana do Rio de Janeiro. Eram deles que os cariocas compraram os primeiros shorts de surfe, uma novidade que não existia na época. A cada lançamento, um ia passando o shorts para o outro, num sistema de trocas entre os amigos. Também era comum comprar pranchas em sociedade devido à falta dos equipamentos importados. Piuí chegou a comprar uma prancha junto com Bruce, um inglês integrante de uma banda de rock.

As competições avançavam no Arpoador e uma delas ficou marcada na vida de Piuí: o Campeonato de Surf Extra de 1967. A competição por equipes aconteceu no Arpoador, em 25 de junho de 1967, com patrocínio da Pan América Word Airways. A equipe Cross Over que integrava Betinho Lustosa, Marcelinho Rabello, Cristina Bastos e Piuí foi a vencedora do campeonato.

A busca da onda perfeita era idealizada nas surftrips. No final da década de 1960, Piuí, Paulete e Ângelo foram até o Ceará de fusquinha, parando nas praias e pegando onda, vivendo aventuras e descobertas.

A partir de 1968, Piuí e seu irmão Mário Bração começaram a produzir pranchas em fibra de vidro, a Aloha Surfboards. Em 1979, Piuí parou com a fabricação para seguir com o voo livre. Na asa-delta, ele foi patrocinado, disputou e venceu inúmeros campeonatos, entre eles o Pan Americano. Depois voltou ao surfe e com seu longboard não parou mais.

Equipe do Museu do Surfe

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